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Benedita da Silva

Deputada federal pelo PT-RJ, ex-governadora do Rio de Janeiro e primeira senadora negra do Brasil

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Racismo no Brasil, o veneno que corrói um país que não consegue virar nação

Sabemos que a cada avanço contra as desigualdades sociais, raciais e de gênero se levantam fortes reações conservadoras que acabam por impor o retrocesso político no país e escancarando o racismo das elites

Racismo (Foto: Benedita da Silva)
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O racismo brasileiro assume cada vez mais a sua cara, sem ligar para os antigos véus da "democracia racial" que as elites racistas tentavam lhes cobrir. A população negra sempre viveu na própria pele a violência da discriminação e do preconceito racial, seja com a polícia revistando quem tem pele preta ou matando jovens negros nas comunidades, ou ainda com a violência da invisibilidade da população negra em nossa sociedade, como no mercado de trabalho, da "ausência" do negro na nossa cultura e nos meios de comunicação.

A história oficial, onde só aparecemos como escravos, leva a episódios como a manifestação aberta de racismo em uma disputa esportiva entre atletas universitários, em Petrópolis, onde determinados estudantes da PUC-RIO jogaram casca de banana e imitaram macacos ao se referirem aos atletas e estudantes negros da UERJ, UFF e UCP.

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Uma leitura distorcida da história oficial sobre a escravidão só alimenta essa cultura do ódio. Racismo é crime e temos elementos não somente para denunciar como para criminalizar na medida em que uma estudante chegou a debochar: "Olha o meu rosto, você acha mesmo que eu vou ser presa?"

A elite brasileira nunca abandonou a sua tradição escravocrata e diariamente pratica o seu preconceito racial, especialmente quando a população negra acende socialmente. Assistimos isso quando houve a legítima ação afirmativa que assegurou a conquista do direito de cotas nas universidades, cujo território era, até então, sagrado da elite branca. E foi justamente a UERJ, uma das primeiras universidades a adotar a política de cotas, implementada em 2002, quando eu estava governadora do Estado, que assistiu uma agressão direta de racismo.

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Ao abrirem caminhos institucionais e sociais para a diminuição da absurda desigualdade racial deparamo-nos com o ódio racial militante nas classes médias. Esse episódio de Petrópolis é parte desse processo mais profundo.

Sabemos que a cada avanço contra as desigualdades sociais, raciais e de gênero se levantam fortes reações conservadoras que acabam por impor o retrocesso político no país e escancarando o racismo das elites.

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Pelas manifestações racistas de seus alunos, em Petrópolis, a PUC-Rio foi desclassificada do torneio pela Liga Jurídica Estadual, que organiza os Jogos Jurídicos Estaduais. A derrota sofrida nos traz muitas lições, entre as quais destaco: a estreita ligação entre o combate ao racismo e a defesa e ampliação da democracia.

Toda luta de identidade precisa do oxigênio da mais ampla democracia para conseguir afirmar seus espaços de poder e seus valores ideológicos. A democracia, e falo aqui da democracia radical, a que chega na base popular, é a luta por ela própria e da união de todos os movimentos indentitários, onde podemos destacar a luta contra o racismo, pois essa luta é de todos e todas nós.

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