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Carlos Alberto Mattos

Crítico, curador e pesquisador de cinema. Publica também no blog carmattos

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Raçudo. Reluzente. Retumbante

História revolucionária, mitologia religiosa e melodrama se confundem explosivamente no blockbuster indiano RRR, um épico delirante e impecável.

(Foto: Divulgação)
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História revolucionária, mitologia religiosa e melodrama se confundem explosivamente no blockbuster indiano RRR, um épico de proporções gargantuescas. Em pouco mais de três horas, seus dois heróis, juntos ou separados, enfrentam multidões, exércitos inteiros, animais ferozes e, principalmente, o desconhecimento de cada um sobre a identidade do outro.

A história se passa no sul da Índia, nos anos 1920, era colonial, com a presença do império britânico representada por oficiais e soldados cruéis, sádicos e preconceituosos. Para o comandante local, o "lixo marrom" não merecia nem mesmo que se gastassem balas com eles – bastavam os porretes. Nesse ambiente vive o ambicioso soldado indiano Raju (Ram Charan Teja), aparentemente um traidor de sua gente. Não se sabe até onde ele pode ir na truculência para alcançar um bem maior que mantém em segredo. 

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Sua contraparte é o humilde mas iluminado guerreiro Bheem (N.T. Rama Rao Jr.), determinado a resgatar uma menina de sua tribo sequestrada e mantida em cativeiro pelo comandante britânico. Quando Raju e Bheem se encontram pela primeira vez, no ato de salvar um menino de um mar em chamas, nasce uma amizade meio mágica que passará por muitas provas e contratempos dolorosos.

RRR mobiliza temas muito caros ao cinema comercial indiano, como amizade, compromisso, traição, engano, sacrifício e patriotismo. Não é Bollywood, mas Tollywood, produção da área de língua telugu. Com a particularidade de que o diretor S.S. Rajamouli  é conhecido por realizar filmes pan-indianos, ou seja, utilizando atores, técnicos e padrões narrativos das várias regiões do país. Daí que RRR abre espaço em sua ação quase ininterrupta para números de canto e dança. Um duelo entre ingleses e indianos pode se dar, por exemplo, numa pista de dança em meio a uma festa. Um personagem pode cantar mesmo enquanto está sendo barbaramente torturado.
Rajamouli diz ter se inspirado em Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino, mas é fácil perceber ecos tanto de um Sergio Leone quanto de animes japoneses. A liberdade com que Rajamouli cria possibilidades absurdas de ação parece típica do cinema de animação.

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À razão de um clímax dramático a cada cinco minutos, a história avança sinuosamente, retornando à infância de Raju para explicar sua ambiguidade e alternando entre o universo de cada herói. A partir de certo ponto, os mitos invadem completamente a realidade, identificando Raju com o fogo e Bheem com a água. Mas também Raju com o deus Rama armado de arco e flecha ou sendo transportado nos ombros de Bheem, que então se identifica com o deus-macaco Hanuman, "montaria" de Rama. Os super-heróis indianos se fundem com as divindades e com os elementos da Natureza.

Para além de seu entrecho histórico romantizado (Raju e Bheem foram guerreiros anticolonialistas reais que nunca se encontraram de fato), RRR impressiona pela exuberância do espetáculo. É um triunfo em matéria de ritmo, cenografia, composição de quadros, efeitos especiais, coreografias musicais e de luta. A resolução da imagem e as camadas de foco produzem um efeito semelhante ao 3D, mesmo em telas bidimensionais.

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Na medida em que o espectador se entregue ao delírio cênico e não se abale com a violência explícita (mas irrealista), estará diante de um filme perfeito em seus propósitos.

Um teaser:

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https://www.youtube.com/watch?v=-GiA_sBYI4o

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