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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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Reabre-se o comércio. Mas, o dinheiro não voltará a circular

"E no meio de tantos problemas é interessante notar como que os comerciantes administram mal os negócios. É compreensível a preocupação com o fechamento do comércio por um longo período. Porém, com menos de 15 dias de portas fechadas já tinha empresário entrando em desespero, demitindo e declarando falência"

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Olá, companheiros e companheiras. Tudo bem? Cá estamos, em mais uma semana de quarentena, vendo a pandemia se alastrar pelo Brasil e levando ao colapso de alguns sistemas de saúde, como em Manaus, Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife. Ao mesmo tempo, as hordas que pedem por menos democracia continuam fazendo os showzinhos pirotécnicos aos domingos. 

Diante deste turbilhão de acontecimentos, alguns estados do país começam a aplicar medidas de flexibilização do comércio. Aqui no Espírito Santo, o governador Renato Casagrande teve que ceder à pressão dos comerciantes e federações de comércio e resolveu abrir as portas das lojas de 72 dos 78 municípios capixabas. Há alguns critérios de segurança a serem seguidos, como uso de máscaras pelos funcionários, disponibilização de álcool em gel, entre outros pontos. A proibição continua a valer na Grande Vitória e na cidade de Alfredo Chaves. 

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Muitos comerciantes podem estar satisfeitos de voltarem a funcionar. Entretanto, isso tem tudo para ser um grande tiro no pé. Vamos às explicações. Primeiro, e o mais importante, a tendência é que as pessoas deixem de consumir itens supérfluos. Como estamos no meio de uma crise que não tem data para terminar e que não nos permite prever o futuro, qualquer gasto fora dos padrões pode representar dívidas que não serão pagas. Até mesmo quem é assalariado não tem certeza se conseguirá manter o emprego até o final da pandemia. 

Com a queda na demanda, menos dinheiro entrará no bolso dos empresários. E aí, veremos a única medida tomada nestes casos: demissões e, possivelmente, fechamento das lojas e empresas. Simplesmente, a conta não vai fechar. 

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Não dá para acharmos que a relação de consumo será a mesma durante a pandemia. Particularmente, tenho evitado gastos que não são essenciais. Tenho procurado economizar ao máximo, justamente por não saber como serão os próximos meses. 

Outro ponto a se destacar é que, atualmente, já temos uma retração econômica nas famílias brasileiras. As demissões, o auxílio emergencial de apenas R$600 e os cortes de salários, já representam uma diminuição no dinheiro que irá circular no mercado nacional. Essa queda irá representar menos consumo, voltando ao ciclo que descrevi acima. 

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Já no plano sanitário, a volta do comércio pode representar um avanço no número de casos da Covid-19. Mais pessoas irão para as ruas, utilizarão ônibus, frequentarão os mesmos espaços. Ou seja, o vírus circulará mais, infectando outras pessoas. Este aumento, dependendo da cidade ou do estado, poderá significar o colapso do sistema de saúde. 

E no meio de tantos problemas é interessante notar como que os comerciantes administram mal os negócios. É compreensível a preocupação com o fechamento do comércio por um longo período. Porém, com menos de 15 dias de portas fechadas já tinha empresário entrando em desespero, demitindo e declarando falência. Isso mostra como que é preciso aperfeiçoar as administrações, para que as empresas estejam preparadas para momentos de crise. É um ponto que os governos deveriam focar no pós-pandemia. Não adianta só abrir lojas, é preciso ter estrutura para que se desenvolvam e encarem as adversidades que o mercado impõe. 

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Muitos podem estar pensando: “ah, então você está torcendo contra?”. Muito pelo contrário. Quero que esta crise acabe o mais rápido possível, para o bem de todos. Entretanto, é preciso analisar de forma séria todos os acontecimentos. E a abertura do comércio se mostra uma estratégia arriscada. Pode não fazer a economia girar, pode representar aumento no desemprego e, por fim, colapso do sistema de saúde. 

O que precisamos, agora, é de um plano nacional de combate ao coronavírus, onde o Governo Federal peça aos municípios estatísticas sobre o número de comerciantes, da renda de cada um, do número de informais, de desempregados, etc – muitos destes dados disponíveis nos estudos do IBGE – e desenvolva políticas públicas voltadas para estes grupos. Com estes dados, criar programas para ajudar os comerciantes a conseguirem créditos para manter as estruturas, sem mandar ninguém embora ou desistir do comércio. 

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Sem um plano nacional, continuaremos neste desencontro de ações. Cada estado e município toma uma atitude, sem uma harmonia entre os entes federativos. Na prática, estamos no “cada um por si e Deus por todos”. Só que ficar esperando apenas a providência divina pode nos levar a um aprofundamento da crise sanitária, econômica e de segurança pública.

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