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Cláudio da Costa Oliveira

Economista aposentado da Petrobras

160 artigos

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Reaja, Brasil: Petrobras está sendo usurpada à luz do dia

Depois de a Petrobras fazer a descoberta, investir US$ bilhões em novas tecnologias, tudo vai ser entregue para as petroleiras estrangeiras. Quem é brasileiro, digo brasileiro mesmo, não pode concordar com isto

Funcionário pinta tanque da Petrobras em Brasília, no Brasil 30/09/2015 REUTERS/Ueslei Marcelino/File Photo (Foto: Cláudio da Costa Oliveira)
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Julian Assange, fundador do Wikileaks, em entrevista ao jornalista Fernando Morais, do Nocaute, em 27 de dezembro de 2016, informou:

“Uma maneira de trocar favores com os Estados Unidos, é facilitar à Chevron e à Exxon o acesso à parte desse petróleo (pré-sal). Nas mensagens vasadas por Wikileaks, aparece o desejo constante das petroleiras americanas de ter o mesmo acesso que a Petrobras tem”.

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O forte interesse das empresas americanas nós já conhecíamos, inclusive pelo vazamento das conversas de José Serra, que prometia entregar o pré-sal para os americanos, caso fosse eleito presidente em 2010.

As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração do petróleo no pré-sal (de concessão para partilha), que o governo aprovou no Congresso em 2010, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB),  a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.

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Em telegrama diplomático dos EUA de dezembro de 2009, obtido por Wikileaks, aparece José Serra conversando com Patrícia Padral, diretora de desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, onde ele diz:

“Deixa esses caras (do PT) fazerem o que eles quiserem. As rodadas de negociações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava. E nós mudaremos de volta”. 

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Como sabemos, José Serra não se elegeu, e em 21 de outubro de 2013, foi realizada a primeira rodada de negociação no Brasil sob o regime de partilha, sendo que a única área ofertada foi a de Libra, no pré-sal da bacia de Santos. Na época a estimativa era de que Libra na sua capacidade máxima, poderia produzir 1,4 milhões de barris de petróleo por dia.

As petroleiras americanas boicotaram e não participaram da licitação, diz-se que acreditando que não apareceriam interessados, mas não foi o que aconteceu.

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Um consórcio formado por cinco das maiores empresas do planeta, arrematou o negócio. A Petrobras com 40%, as chinesas CNPC e CNOOC com 10% cada, a anglo-holandesa Shell com 20%, e a francesa Total também com 20%.

A frustação das petroleiras americanas (e de José Serra ) foi enorme.

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O mundo gira e as coisas mudam. A Petrobras investiu pesadamente no pré-sal, desenvolvendo novas tecnologias e os resultados logo apareceram.

A Offshore Technology Conference (OTC) é o maior evento de negócios do mundo na área de produção offshore de óleo e gas. O OTC “Distinguished Achievement Award  for Companies, Organizations and Institutions” é o maior reconhecimento tecnológico que uma empresa de petróleo pode receber como operadora offshore.

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Em 2015 a Petrobras recebeu o premio OTC  “Pelo conjunto de tecnologias desenvolvidos para produção na camada do pré-sal. 

O mundo gira e as coisas mudam. Em 2014 José Serra ( PSDB) foi eleito senador pelo Estado de São Paulo. Em 2015 José Serra  apresentou o Projeto de Lei 131, retirando a obrigatoriedade de participação da Petrobras em todos os leilões do pre-sal. O PL foi aprovado em 2016.

Com o golpe parlamentar e a nomeação de Michel Temer como presidente, José Serra passou a defender com unhas e dentes, contra a opinião de muitos de seus companheiros, a participação do PSDB no novo governo.

A estratégia funcionou e José Serra foi nomeado Ministro de Relações Exteriores e ainda emplacou Pedro Parente, ex-ministro de FHC, como presidente da Petrobras.

O circo estava montado. Parente foi nomeado presidente da Petrobras com plenos poderes e total independência, inclusive (coisa inusitada) para estabelecer os preços dos combustíveis no país. O objetivo claro é acabar com a Petrobras, sem o conhecimento, e muito menos o consentimento o povo brasileiro, verdadeiro proprietário da estatal.

Temer, Serra e Parente, não são brasileiros. São colonizadores que só pensam em explorar o país e seu povo. Isto é muito claro. Eles não pensam no desenvolvimento do Brasil, pelo contrário, querem entregar tudo para o capital estrangeiro, o mais rapidamente possível, pois nem eles mesmos sabem até quando este governo ilegítimo vai durar.

Parente criou um plano de negócios para a Petrobras (PNG 2017/2021), que coloca a empresa em rota de auto destruição. O principal objetivo do plano é o atingimento de um índice de alavancagem de 2.5, que não tem nenhum sentido é um absurdo. Repito, não tem nenhum sentido é um absurdo.

O índice é obtido pela divisão da divida pela geração de caixa. Estre indicador só é válido quando os projetos de investimentos da empresa já maturaram e estão em plena geração de receitas e caixa. Nâo é o caso do pré-sal cuja maturação dos projetos leva mais de 10 anos. Por exemplo, o campo de Libra leiloado em 2013 só deve iniciar a produção em 2020. Não sei quando vai atingir plena produção.

Com a justificativa de que precisa atingir o índice de alavancagem de 2,5 (um absurdo) Parente está vendendo ativos valiosos a toque de caixa, sem licitação, sem divulgação, em negociações diretas, totalmente fora da lei.

O TCU mandou paralisar as vendas depois que técnicos do órgão detectaram as falcatruas. Mas o TCU é confiável?

Com a justificativa de que precisa atingir o índice de alavancagem de 2,5 (um absurdo) o plano de negócios não prevê recursos para a Petrobras participar dos leilões do pré-sal. Ou seja, depois de a Petrobras fazer a descoberta, investir US$ bilhões em novas tecnologias, tudo vai ser entregue para as petroleiras estrangeiras.

Quem é brasileiro, digo brasileiro mesmo, não pode concordar com isto.

Mas Parente não parou por aí. Passou a atacar as regras de conteúdo local, dentro de seu plano de entregar tudo para o capital estrangeiro. Em artigo publicado na Folha de São Paulo, no início deste mês de fevereiro (01/02), mostrou suas intenções ao dizer:

“Ideologias, quando levadas ao extremo, tornam as pessoas impermeáveis a argumentos e fatos. Discutir a origem do capital investido no Brasil é um exemplo. Superada pela Constituição que não faz distinção entre capital nacional e estrangeiro, estra discussão tem pouca utilidade na vida real”

A meu ver um comentário deste tipo só pode partir de um colonizador. De um não brasileiro. E podem crer que eu não sou xenófobo. O bom capital, que vem para o desenvolvimento do país deve ser sempre bem vindo. 

O engenheiro Alberto Machado Neto, diretor da Associação Brasileira da Indústria de Maquinas e Equipamentos (ABIMAC), em publicação feita no site do Clube de Engenharia, mostrou os problemas que sofrem as empresas brasileiras nos fornecimentos para a Petrobras:

“A começar pela dupla personalidade da Petrobras na hora de fiscalizar as obras que contrata no Brasil e as que contrata no exterior. No Brasil as empresas precisam construir extensas instalações para dezenas de fiscais da estatal, com critérios de padronização das salas a serem oferecidas aos funcionários, como detalhes específicos para localização das lixeiras, distâncias entre janelas e portas, número de cadeiras e uma infinidade de exigências de QSMS (Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde) que precisam ser somados aos custos. Já no exterior, como em alguns projetos de grande porte enviados para a China, a companhia manda pouquíssimos fiscais para trabalhos do mesmo nível de complexidade, demandando estruturas muito mais enxutas e sem o mesmo rigor de padronização.

Um dos resultados disso é uma atuação esquizofrênica, já ocorrida em alguns casos nesses últimos anos, em que plataformas vem da Ásia, com diversos problemas a serem consertados. As empresas brasileiras com histórico de sucesso, em termos de preço, prazo e qualidade – que são muitas – acabam chamadas para socorrer a Petrobras, revisando e refazendo o que ficou mal feito.

O presidente da Petrobras (Pedro Parente) em alguns momentos usou a licitação da plataforma de Libra como exemplo negativo do que seria a indústria brasileira. Alegou um sobrepreço de 40% para se construir no Brasil. Seria um escárnio defender que a empresa pagasse esse valor a mais para fazer obras no seu próprio quintal. O problema é que os dados que embasam essa afirmação de Parente nunca foram detalhadas para o público e para o mercado nacional, que está ávido por oportunidades e tem se mostrado cada vez mais competitivo, com muitas empresas exportando para outros países – tanto estrangeiras a partir de instalações brasileiras, quanto companhias nacionais que conquistaram espaço no cenário internacional. Mais de uma vez foi feito um convite para que o executivo abrisse esses números e permitisse à indústria avalia-los. Se sua crença é em argumentos, porque não permitir ao mercado nacional que dê os seus próprios. Nessa discussão sem diálogo e abertura, não há avanço. Vira ranço ideológico”

Já escrevi diversos artigos sobre as mentiras de Pedro Parente. Esta dos 40% é apenas mais uma. Ele não pode detalhar os dados pois sabe que estava mentindo.

Em reunião na última quinta-feira (16/02), no anexo IV da Câmara dos Deputados em Brasília, com a presença de deputados ligados à Frente Parlamentar em Defesa da Engenharia e da Indústria, o Presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino falou:

“A indústria, mesmo aqueles setores que apoiaram o impeachment, despertou para a gravidade do desmonte que está ocorrendo no país e começou a ir atrás do prejuízo “ (...) “Estão querendo trocar um modelo bem sucedido, inspirado pela Noruega, por desastre econômico e social, cujo símbolo entre os estudiosos é a Nigéria”.

O mundo gira e as coisas mudam. Quem iria imaginar que Donald Trump seria eleito presidente dos Estados Unidos? Mas a troca de comando na Casa Branca não mudou o apetite americano pelo pré-sal brasileiro.

Trump nomeou como seu Secretário de Estado Rex Tillerson, que já foi presidente da Exxon. Tillerson não perdeu tempo, e já agendou uma visita ao chanceler José Serra, que terá como tema principal, a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras.

Aqui cabe uma pergunta: quem vai nos salvar?

Tudo isto lembra D. João VI que em 29 de janeiro de 1808, através de um decreto (carta régia) promoveu a “Abertura dos portos brasileiros aos povos amigos de Portugal”.

Os ingleses agradeceram e tomaram conta do mercado brasileiro, impedindo o crescimento da indústria local. 

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