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Recuar ou governar

Longe de querer traduzir o verdadeiro sentido das passeatas de 2013, mas, a partir de um viés de causa e efeito, arrisco afirmar que se não fossem elas, o resultado equilibrado das urnas não ocorreria

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As passeatas de junho de 2013 adoçaram o café descafeinado da oposição no Brasil. Se, por um lado, as pessoas expressavam em cartazes opiniões sem profundidade das contradições nacionais, por outro, alimentavam um ódio capaz de orientar, posteriormente, a oposição inteira no país. Longe de querer traduzir o verdadeiro sentido das passeatas de 2013, mas, a partir de um viés de causa e efeito, arrisco afirmar que se não fossem elas, o resultado equilibrado das urnas não ocorreria.

As pessoas entorpecidas pelo álcool das multidões acenderam – sem querer - o pavio adormecido do ódio de classes no Brasil. O gigante não emergiu da lagoa, como profetizou Chico Buarque. Ao contrário, se viu sem saída, a exemplo de Frankinstein, cercado por uma barbárie ensandecida, que marcha nas redes sociais, consultórios e brechós. A oposição partidária, moderadamente, entrou na onda e esboça um "golpe democrático" sem certeza de quem vai assumir o controle. Aparentemente, apostam tudo ou nada.

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Esta marcha – até então invisível – ensaia apontar um canhão contra o Palácio do Planalto com o apoio de uma ralé tirânica, personificada por Jair Bolsonaro e Silas Malafaia. Sob o argumento da meritocracia, contraditoriamente, a aristocracia brasileira, vestida de Prada, como Neca Setubal, e de Lacost, como Aécio Neves, estimula uma "Revolta de Atlas", sedutoramente sugerida pelo escritor americano Ayn Rand, atacando, artificialmente, a economia e criando um abismo entre os empresários e o governo. No livro de Rand, empresários são comparados com deuses, logo, um mundo sem o juízo das leis democráticas, um mundo sem espelhos, sem o outro, sem a diversidade e, principalmente, um mundo "onde os fracos não têm vez". Num mundo assim, o diálogo também é impossível.

A negação do outro é a negação do diálogo - O país da conciliação de interesses enfrenta – mais uma vez – a negação do diálogo (ou da democracia) como sistema de mediação dos conflitos sociais e econômicos. É a negação do outro. A democracia, antes de vontade da maioria, representa a convivência com a diferença de opiniões. O português, Boaventura de Souza Santos, diz que "uma sociedade sem espelhos é uma sociedade aterrorizada pelo seu próprio terror". O risco eminente de um golpe, "legalista" ou não, impõe uma opinião, anulando, assim, as diferenças, aterrorizando quem pensa diferente e, desta maneira, os espelhos da democracia e da república. O que é público e visto por todos, logo, não será mais. É o fim da república.

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A oposição, encurralada no ringue, resolve sair das cordas e golpeia com as armas do desespero. Sem certeza, aposta as fichas no impeachment de Dilma Rousseff, inflama com novas imposturas passeatas golpistas, a exemplo de Fernando Henrique Cardoso, bem como, prolonga as eleições com um espírito de secessão, conforme sugerido pelo filósofo sanguinário Luiz Felipe Pondé. O antipetismo virou a idéia força da oposição, a exemplo do antissemitismo para os nazistas. Ao som de Richard Wagner, o candidato derrotado nas urnas e senador Aécio Neves (PSDB) retorna para o Congresso Nacional e usa o expediente da recontagem de votos para ficticiamente estabelecer um terceiro turno.

A oposição empurra o governo e o partido do governo para um canto do ringue à esquerda. Enquanto isso, a presidenta Dilma Rousseff (PT) resolve investigar profundamente as entranhas da administração pública brasileira. Inocente ou não, a presidente responde sem intimidação. Saiu da defensiva e troca golpes e pontapés com os oponentes. Existe, contudo, uma diferença: a oposição detém o apoio dos meios de comunicação e produção. E a presidente? A resposta é óbvia e, aparentemente, piegas, mas, Dilma Rousseff possui o apoio de 52% dos brasileiros.

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Sócrates Santana é jornalista e ex-assessor de imprensa do governador Jaques Wagner (PT)

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