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Roberto Junquilho

Jornalista e repórter do Século Diário

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Remoer sempre

1°de abril de 1964 não foi um desvio de rota, foi e é a rota do crônico golpismo militar

O golpe militar de 1964 instituiu uma ditadura de 21 anos (Foto: Arquivo Nacional )
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Na semana passada os cristãos remoeram a saga de Cristo, seu sofrimento de torturas, humilhações, morte, luto e ressurreição. A semana que se inicia no dia 1º de abril, também será remoída pelos sobreviventes e parentes dos desparecidos políticos da ditadura militar, lembrando com indignação o golpe de 1964 que implantou uma feroz ditadura por 21 anos. 

Ditadura que torturou, matou, incinerou, mutilou e desapareceu com corpos, cobriu a sociedade de humilhações e envergonhou o país diante da comunidade internacional civilizada. 

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Nossos mortos não serão ressuscitados, mas, assim como a mãe de Jesus, sua companheira de jornada, Madalena, e os apóstolos guardaram o luto, queremos que seus familiares saibam onde estão seus restos mortais, para dar-lhes a merecida sepultura de mártires e possam finalmente curtir o luto e lembrar para sempre dos sacrifícios dos seus parentes em prol da democracia.    

Foram os apóstolos espalhando a narrativa da saga de Jesus Cristo que levaram o Império romano, ante o perigo de ser centelha de uma luta contra a opressão imperial, a se apropriar da narrativa e amoldarem à sua conveniência, método sempre usado pelo poder dominante ante a um perigo maior.

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Os apóstolos foram os maiores e bem sucedidos de agitprop (agitação e propaganda) da história de dois mil anos.

Nem as perseguições os impediram, alguns viveram na clandestinidade, assim como muitos de nós viveram e nem as baionetas, nem as torturas, nos calaram!

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A censura do Lula aos seus ministros e assessores é a prova de que ainda estamos sob a tutela de um poder paralelo, é a prova de que os efeitos transgeracionais prolonga a ditadura, vivemos à sombra dela, que impede a claridão de uma democracia sólida. 

Em todos os governos Lula não houve reforma política quando as condições eram favoráveis. Se FHC deu início às comissões da anistia e a dos mortos e desaparecidos políticos, acabou com os ministérios militares e instituiu o da Defesa, e Dilma criou a Comissão da Verdade, Lula sente-se, sabemos lá porquê, subordinado ao passado de medo e nojo da ditadura. Se a GLO não foi decretada em 8/01 porque Janja exclamou que era GOLPE, talvez precisemos dela para dizer: censura é autoritarismo. Não se arranca as páginas da história!

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Uma história desconhecida, deformada, abafada e que envergonha o Brasil perante o mundo civilizado; a história da ditadura milita deverá ser remoída sempre até que o passado não assombre mais o presente e sirva de lição para não ser repetido, pois, ainda não podemos virar a página porque o golpismo permanente é filho da impunidade dos golpistas de 64.

Apagaram o escravagismo, apagaram o feudalismo das oligarquias latifundiárias, apagaram os movimentos sociais e religiosos, como canudos, os quilombos, as culturas indígenas? 

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Remoer Hiroshima e Nagasaki, o holocausto e tantos outros períodos traumáticos da humanidade, é essencial para ter e manter a consciência de rejeição a esses pretéritos. 

É no presente que se compreende o passado, e compreender o passado é essencial para a construção do devir da história. 

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Paixão, morte e ressureição de Cristo, tríodo pascal sempre recordado, paixões, mortes e insepultos, sempre esquecidos.  

Como o governo não nos pauta, estaremos nas maiores capitais do Brasil lançando o livro 60 anos do golpe: gerações em luta, cuja obra reúne textos que tanto tecem memórias quanto apresentam análises históricas e reflexões sobre a atual conjuntura política, numa tentativa de também apontar caminhos para a consolidação da democracia brasileira.

A data de 1º de abril marca os 60 anos do golpe militar que instaurou a feroz ditadura de 1964-1985 e deixou como saldo dos 21 anos de violência alguns milhares de mortos e desaparecidos, entre outros perversos e duradouros efeitos sobre a sociedade brasileira. Se são 434 os militantes mortos e desaparecidos oficialmente nomeados desde os relatórios das comissões da verdade de 2014, a eles devem se somar pelo menos 8.350 indígenas e 1.654 camponeses assassinados, de acordo com levantamentos das próprias comissões e posteriores estudos de pesquisadores. 

Os autores dos artigos reunidos no livro de 334 páginas são tanto sobreviventes da ditadura quanto militantes mais jovens de diferentes causas e movimentos em defesa dos direitos humanos. Entre eles encontram-se mulheres e homens, negros, brancos e indígenas, que são professores, pesquisadores acadêmicos, jornalistas, juristas, sindicalistas, sociólogos, economistas, psicólogos, intelectuais, poetas e escritores. Há no grupo ex-coordenadores da Comissão Nacional da Verdade, integrantes do Movimento Geração 68, representantes dos movimentos sociais da periferia, enfim, cidadãos e cidadãs que militam hoje ainda em defesa da democracia. 

O ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão escreveu, na contracapa: “Tenho muito orgulho de apresentar essa lista de consagrados autores em suas expertises, garantia de um livro de conteúdo de excelência literária e política. Os artigos que compõem esta obra se unem a um eixo essencial, a permanente luta pela democracia de todas e todos. “60 anos do golpe: gerações em luta” é uma obra para figurar entre os grandes compêndios da história”.

Remoer sempre até que o passado não assombre mais o mundo dos vivos e construamos uma democracia sem remorso do passado, por ter servido como lição e para não mais ser repetido.

Cada militante que tomba, por enfermidade ou por prazo de validade, nós sobreviventes e nossos filhos e netos duplicam, triplicam, a militância.

Pela reabertura do sarcófago da COMISSÃO ESPECIAL DE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS.

OBS. Lançamentos simultâneos em 1º de abril estão confirmados em Brasília, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Vitória, Goiânia, Aracaju, Curitiba, Florianópolis. Estão programados outros lançamentos durante o mês de abril em, Salvador, Passo Fundo, RS, Resende, Barra do Piraí e Volta Redonda, no Estado do Rio, e também em Vitória. Ações em torno do livro vão acontecer em sindicatos, centros culturais, entidades estudantis, entre outros locais propícios ao debate político visando a defesa da democracia.

OBS. Esse texto é de autoria, também, de Francisco Celso Calmon.

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