Renovar o PT para vencer
"Quando falamos de renovação, não estamos nos referindo apenas à juventude, mas também à inclusão de novos quadros políticos"
Em 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta um momento crucial em sua história de 44 anos. A resistência da militância petista frente à maior perseguição enfrentada pela legenda, marcada pelo golpe travestido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, pela operação Lava Jato e pela prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, mostrou a enorme capacidade de resiliência partidária. No entanto, a atual conjuntura política, com a ascensão da extrema-direita e das pautas neopentecostais promovidas pelo governo Bolsonaro, exige do PT uma profunda renovação geracional.
Apesar da aprovação de medidas internas importantes, como a limitação de mandatos parlamentares (deputados podendo exercer até três mandatos consecutivos e senadores, dois), implementada no 4º Congresso Nacional do PT em 2011, revelou-se inconsistente. A decisão foi ignorada em três ocasiões, notadamente para assegurar a reeleição de Dilma e para consolidar alianças em momentos críticos, como na participação de Fernando Haddad na eleição de 2018 quando Lula estava preso e na vitória sobre o bolsonarismo em 2022.
Atualmente, o PT enfrenta uma resistência interna quanto à abertura de espaço para novas lideranças. A manutenção de mandatos por veteranos do partido tem limitado o crescimento e a atração de votos da juventude, o que é crucial para o futuro da sigla. Sem promover uma renovação efetiva, o PT corre o risco de estagnar e minguar, perdendo relevância e a capacidade de se conectar com as novas gerações.
O ex-ministro José Dirceu vem ressaltando a importância de uma revolução democrática semelhante à que o PT promoveu nos anos 1980, quando conseguiu levar um partido de trabalhadores ao poder. Para Dirceu, o projeto petista para derrotar a extrema direita depende de um planejamento a longo prazo (16 anos), o que só será possível com uma renovação gerencial significativa.
O senador baiano Jaques Wagner também tem destacado a necessidade de renovação no PT, afirmando que essa transformação deve começar nas próximas eleições. Ele enfatiza que o partido precisa abrir espaço para novas lideranças que possam revitalizar a base partidária e atrair o eleitorado jovem.
Quando falamos de renovação, não estamos nos referindo apenas à juventude, mas também à inclusão de novos quadros políticos. É fundamental fomentar a diversidade, trazer pessoas com novas ideias e diferentes perspectivas, que possam contribuir para a evolução e a modernização do partido. O PT deve, portanto, decidir entre promover uma verdadeira renovação de suas lideranças ou caminhar para um declínio irreversível em breve. A capacidade de se reinventar e de se abrir para a juventude e para os novos talentos será determinante para a sobrevivência e o crescimento do maior partido de esquerda da América Latina.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

