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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Renuncia, Bolsonaro

"Bolsonaro deve renunciar, ou deve ser induzido à renúncia, para preservar os mais próximos de sequelas profundas e para livrar as Forças Armadas de episódios devastadores", escreve o jornalista Moisés Mendes

Sede do Palácio da Alvorada e protesto pelo impeachment (Foto: ABr | Sul21 | Reuters)
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Não é uma ideia retórica, não é provocação, nem tática diversionista no momento em que a CPI começa a funcionar. A renúncia deve ser levada a sério por Bolsonaro como alternativa a um desastre maior do que o anunciado pelo impeachment.

Se conversar com Fernando Collor, Bolsonaro saberá o que tal gesto significou para ele em 1992. O impeachment veio depois, mas a renúncia já havia cumprido a função de amenizar os estragos do desenlace.

Se falar com os militares que estão no seu entorno, Bolsonaro entenderá que a rendição também é uma saída em todas as batalhas de todas as guerras.

Bolsonaro fala como militar, sem nunca de fato ter sido um militar clássico, dedicado a uma carreira, à disciplina e à hierarquia. Mas, mesmo se gabando do que não foi, deve saber pelo menos que um estrategista militar de poucas luzes também recua, faz tréguas e se rende.

A renúncia salvaria boa parte da tropa, e aqui o sentido não é apenas figurado. Bolsonaro entrega as armas e poupa também os militares da devassa da CPI do Genocídio. Porque ninguém imagina que apenas Eduardo Pazuello será devassado.

Bolsonaro sabe que seu caso não é de pedalada, que cometeu crimes graves, que desfruta de apoio alugado, que o Centrão pode saqueá-lo e cair fora, que os empresários são apenas bajuladores interesseiros, que os milicianos não terão como dar lastro bélico a um golpe e que os militares são imprevisíveis.

Bolsonaro deve se lembrar de que não tem nem partido. Precisa pensar na chance de renunciar, como um gesto que preserve o que lhe sobra de racionalidade, por mais precária que seja.

Se a CPI avançar com rapidez, não haverá mais tempo nem mesmo para a retirada, até porque não há para onde se retirar.

Bolsonaro deve renunciar, ou deve ser induzido à renúncia, para preservar os mais próximos de sequelas profundas e para livrar as Forças Armadas de episódios devastadores.

Gente próxima a Bolsonaro pode começar a negociação da rendição. Começando pelo abandono da ilusão de que ele foi autorizado pelo povo a fazer alguma coisa radical.

O blefe do golpe já gastou. Ninguém mais suporta a hipótese de ver o sujeito blefando por mais de um ano, até a eleição de 2022. O povo sem emprego, sem comida, sem gás e sem vacina não aguenta mais.

A CPI vai continuar funcionando, para que as reparações sejam encaminhadas. Mas os danos políticos, econômicos, sociais e sanitários serão atenuados pela rendição.  

Parte da esquerda não deseja a renúncia, porque desmontaria o plano da lenta demolição de Bolsonaro na CPI. Muitos desejam ver o massacre em praça pública. E outros tantos acham que Hamilton Mourão e os militares seriam fortalecidos.

No fim, todos sabem que os desfechos, da renúncia ou do impeachment, levarão a outras acomodações e arranjos não programáveis. Só o que se sabe é que o Brasil precisa se livrar de Bolsonaro, para que interrompa o genocídio e a destruição do país.

Bolsonaro tem a chance de preservar os que foram arrastados para o seu projeto de ódio, ressentimentos, violência, vinganças e morte. A renúncia pode salvar até sua insensatez para futuros projetos pessoais.

Renuncia, Bolsonaro.

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