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Paulo Moreira Leite

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Reportagem da Time revela tragédia da imprensa brasileira

"A capa da Time sobre Lula é um termômetro da crise da grande mídia brasileira", escreve Paulo Moreira Leite

(Foto: Reprodução/Time)
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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Envolvida até a medula na operação que tentou excluir Lula da vida pública, a grande mídia brasileira até hoje se mostra incapaz de reconhecer seu renascimento político.

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Modelo formal de boa parte das revistas semanais surgidas nos anos dourados da mídia impressa do  século XX,  em abril de 2022 a Time retrata o retorno de Lula ao centro da cena política brasileira com o distanciamento  possível que marca o jornalismo profissional de um dos grandes grupos de comunicação do planeta.  

Abriu espaço para uma entrevista detalhada e foi atrás de informações relevantes, numa  reportagem que mantem o tom adequado do ponto de vista informativo e politico, cumprindo uma função importante -- deixa claro que, nas atuais condições de temperatura e pressão da política brasileira, Lula é parte do jogo democrático. 

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É trágico constatar que, ao menos até agora, nenhum dos veículos da grande mídia brasileira foi capaz de exibir, nem de longe, uma postura semelhante, a única aceitável em 2022. Não  custa sublinhar. 

O país enfrenta o risco de um novo assalto a democracia, contra o qual a candidatura Lula surge como a principal, quem sabe única, força de resistência. A capa da Time sinaliza essa percepção. Já a postura da mídia verde-amarela traduz outra situação.   

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Capaz de cobrar uma permanente autocrítica de Lula e do Partido dos Trabalhadores em função de denúncias,  erros e deslizes que não puderam ser sustentados dentro das regras do Estado Democrático de Direito, a grande mídia brasileira mostra-se incapaz de olhar com serenidade e espírito público para sua própria atuação  num dos períodos lamentáveis de nossa história publica. 

Nos anos terríveis do Mensalção e da Lava Jato, não apenas trazia informações produzidas em  operações truculentas, anti-democráticas. Tornou-se cúmplice de um processo autoritário, dando uma contribuição decisiva para a construção do estado de exceção que produziu um golpe sem crime de responsabilidade, em 2016, e a vitoria de Bolsonaro, dois anos mais tarde. 

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Em março de 2021 -- apenas um ano atrás! -- os jornais, revistas e emissoras de TV do país se encontravam do outro lado da barricada quando, por 3 votos a 2, a Segunda Turma do Supremo reconheceu a parcialidade da Lava Jato, confirmada pelo plenário em setembro do mesmo ano. Mantiveram a mesma postura seis meses depois, quando   a decisão foi confirmada pelo plenário, por 7 votos a 4. 

No Comitê de Direitos Humanos da ONU, as denúncias contra a perseguição a Lula chegaram oficialmente em 2018. Naquele ano, ele foi recolhido à cela em Curitiba, depois de ter sido retirado da campanha pelo tuíte tdo general Villas Boas e o silencio cúmplice da mídia, que pretendia evitar criar uma nuvem no céu da campanha de Bolsonaro.  

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Em abril de 2022, o Comitê da ONU avaliou cinco denúncias específicas contra a Lava Jato. Dois jurados concordaram com uma acusação, de que o réu não fora respeitado na presunção de inocência. Os outros 16 concordaram com todas as denúncias, inclusive a mais importante, que reconhece que Lula não teve "um julgamento justo, perante um tribunal imparcial e independente".  

Incapaz de manter o silêncio diante de uma mudança desse porte, os jornais brasileiros criaram uma jurisprudência de encomenda para enfrentar a situação. Divulgaram a tese de que a Lava Jato fora apenas condenada pelos métodos empregados -- mas não pelo mérito das acusações. 

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Como sabe qualquer calouro dos cursos de Direito, o respeito absoluto pelos métodos consagrados de uma investigação representa a única garantia de veracidade a uma denúncia -- caso contrário, os vícios de forma contaminam o conteúdo, gerando provas forjadas e mesmo falsas. Por essa razão, é forçoso assegurar "um julgamento justo, perante um tribunal imparcial e independente".  

A conta final dessa história é fácil de compreender. Numa situação em que Bolsonaro tenta conduzir nossa democracia a um precipício, o silêncio obsequioso da mídia sobre seu papel na história só facilita o trabalho de quem quer levar o país ao abismo.

Alguma dúvida?

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