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Barbara Panseri

Mestra em Administração Pública e Governo (FGV), ativista pela redução das desigualdades em São Paulo e candidata a vereadora em São Paulo pelo PDT

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Resposta a Kim Kataguiri e sua ridicularização da linguagem neutra

Bem diferente do que ele prega, a discussão sobre língua e gênero vem sendo feita no mundo inteiro por acadêmicas e militantes

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Na semana passada, o deputado federal Kim Kataguiri usou seu tempo como parlamentar para debochar das campanhas de televisão de candidatos e candidatas de diversos partidos. Ele protagonizou e publicou um vídeo de 17 minutos em seu canal do YouTube para fazer sátiras infantis a todas falas e pautas que não compactuam com sua visão de mundo.  Eu estou candidata a vereadora pela cidade de São Paulo e fui alvo de ridicularização do atual deputado pelo uso da linguagem neutra no horário político.

Em primeiro lugar, é interessante observar que ele se autodenomina juiz das bandeiras alheias. O deputado, de maneira bastante prepotente, se coloca em uma posição de superioridade para julgar o que é legítimo de existir no debate público, e o que é uma “imbecilidade”, segundo ele. Essa postura de arrogância, apesar de lastimável, é bastante frequente na sua trajetória. Um exemplo amplamente conhecido é sua alegação de ter abandonado o curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal do ABC porque "sabia mais que o professor”. Esse comportamento de superficialidade e autovalorização é um desserviço para o processo de construção da nossa democracia, uma vez que favorece intolerância e desestimula o debate com a alteridade.

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Em segundo lugar, chama atenção o fato de Kim Kataguiri colocar como superado o debate da linguagem neutra e utilizar o termo imbecilidade para argumentar sua visão. Bem diferente do que ele prega, a discussão sobre língua e gênero vem sendo feita no mundo inteiro por acadêmicas e militantes. Por ser um tema complexo e estar referenciada no caráter de poder inscrito na língua, não há consenso. Em Portugal, por exemplo, o Ministério da Defesa, em 18 de setembro, produziu uma diretiva recomendando o uso de linguagem neutra e inclusiva em certidões e registros civis. Isto prova que a língua é viva, está em constante transformação e precisa ser colocada a serviço da inclusão.

Não é incomum que argumentos gramaticais em favor da norma culta sejam usados nesse debate. Penso que é preciso que a sociedade se abra a essa discussão. Incluir as pessoas trans não-binárias, intersexo e as que não se identificam com os gêneros feminino e masculino na língua é um movimento para romper com a ideia de que o gênero masculino é universal e de que, portanto, responde ao padrão. Dar conta da diversidade humana passa por transformações culturais, educacionais e na língua. Como cidadã e como candidata, me coloco a serviço do enfrentamento à LGTBQfofia, ao machismo, ao racismo e a todas as formas de preconceito. Convido o atual deputado a uma reflexão: é mesmo uma imbecilidade lutar pela inclusão de pessoas são alvo de tanta discriminação e violência?

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Abaixo, minha resposta em vídeo:

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