Resposta ao artigo de Guga Chacra sobre os judeus e Israel

(Foto: Divulgação)


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Hoje Guga Chacra publicou em O Globo um artigo intitulado “Bolsonaro, Israel e o antissemitismo”, no qual faz afirmações no mínimo equivocadas e irresponsáveis a respeito deste já tão complexo tema. Desta forma, enquanto judeu e ativista social e político, me sinto na obrigação de expô-las e corrigi-las, ao passo que tais inverdades acabam por gerar ainda mais desinformação. E desinformação gera mais esteriótipos, preconceitos e racismo.

Em um breve texto em que Chacra pondera para um lado e para o outro as ações de Bolsonaro em relação aos judeus e Israel, o acusando brandamente de ser “conivente com alguns comportamentos inaceitáveis”, ele comete grandes erros ao afirmar: “O presidente do Brasil tem um bom relacionamento com a comunidade judaica e é genuinamente defensor de Israel.”

Duplamente errado. O primeiro erro: O presidente do Brasil não tem um bom relacionamento com a comunidade judaica, mas sim COM UMA PARTE da comunidade judaica. Aproximadamente metade dela. Com a outra metade, que é completamente contrária ao seu governo, ele tem uma relação terrível, obviamente. Esta parte contrária a Bolsonaro organiza-se em diversos grupos e coletivos, como ‘Resistência Democrática Judaica’, ‘Judeus pela Democracia’, ‘Observatório Judaico dos Direitos Humanos do Brasil’, ‘Judias e Judeus com Lula’, entre outros, e combate diariamente o presidente da república.

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O segundo erro: Não, ele não é genuinamente defensor de Israel de maneira alguma. Ele é defensor e – em bom português – um grande puxa-saco do governo direitista de Netanyahu. E isso é completamente diferente de ser “defensor de Israel”. Ser defensor de Israel inclui reconhecer que os 20% da população árabe do país devem ter os mesmos direitos que a maioria judaica tem; inclui reconhecer que a paz e o entendimento com os palestinos da Cisjordânia e de Gaza é essencial para toda a população israelense; e inclui compreender que Israel é uma terra progressista, plural, multicultural e deve continuar assim, e não se tornar o cenário irreal e fundamentalista que os cristãos neopentecostais idealizam e exigem.

Para concluir, um conselho a mais a Guga Chacra: ele afirma também que Bolsonaro “não pode ser tachado de antissemita” e que “não o considera antissemita”. Sugiro que deixe essas apreciações aos judeus. Afinal, uma pessoa que age como ele age, que reescreve a História dizendo que o Nazismo foi de Esquerda, que o Holocausto “não deve ser esquecido, mas deve ser perdoado”, é para muitas judias e judeus – incluindo eu – um grandíssimo antissemita.

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Peço mais atenção e cuidado da próxima vez que for escrever sobre um tema tão importante como este, sobre o qual – ao que tudo indica – não possui grande conhecimento.

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