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Igor Felippe Santos

Igor Felippe é jornalista e atua em movimentos sociais

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Revolta da alta classe média: ricos batem panelas aqui e acolá, mas o Brasil não é a Venezuela

Diante da convocação de protestos de rua pela alta classe média, com o apoio do aparato de mídia privado, que exige uma resposta com atos contra a ofensiva da direita, os limites do processo de mudanças sociais no Brasil saltam aos olhos

Diante da convocação de protestos de rua pela alta classe média, com o apoio do aparato de mídia privado, que exige uma resposta com atos contra a ofensiva da direita, os limites do processo de mudanças sociais no Brasil saltam aos olhos (Foto: Igor Felippe Santos)
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Por Igor Felippe, no Escrevinhador

O ódio da alta classe média, a truculência da oposição conservadora e a campanha permanente das grandes corporações privadas de mídia resultam em atos de rua pelo impeachment e até panelaços em bairros dos abonados em São Paulo e Brasília, durante pronunciamento oficial da presidenta Dilma Rousseff.

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Esse quadro de acirramento político leva a comparações do Brasil com a Venezuela. Embora essa situação guarde semelhanças, o quadro político, social e histórico é bastante distinto. Na Venezuela, o povo das regiões mais pobres sai às ruas para defender o governo. Uma manifestação da direita tem como resposta um ato ainda maior das massas chavistas. E aqui?

Hugo Chávez e Luiz Inácio Lula da Silva chegaram o governo em contraponto às forças neoliberais, mas conduziram de forma diferente o processo de mudança social nos seus países.

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Lula liderou uma grande frente que agregou setores da burguesia, da classe trabalhadora, os mais pobres, operando mudanças na economia sem mexer no sistema político. Adaptaram à “realidade”. Foram as circunstâncias, mas foi uma opção também.

O petista desempenhou o papel de mediador das contradições políticas, sociais e econômicas, que o governo tentou apaziguar com suas medidas. O cimento do governo Lula para essa construção foi a despolitização da disputa de interesses entre as classes, para dirimir os conflitos e diminuir a intensidade da luta política.

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Na Venezuela, Chávez liderou um governo de forças da classe trabalhadora, com apoio das Forças Armadas e dos setores nacionalistas, que até tentou atrair determinados setores da burguesia, mas sem abrir mão do comando. Uma das primeiras iniciativas ainda no primeiro ano de governo em 1999 foi convocar uma Constituinte, colocando-a em sintonia com o novo momento vivido no país.

O governo do presidente Chávez fez um contraponto à burocracia estatal, à burguesia venezuelana e aos interesses do capital internacional dos Estados Unidos. O líder bolivariano politizou a luta política interna, denunciou a intervenção dos Estados Unidos, promoveu políticas públicas para estimular a organização dos trabalhadores e mobilizou a sociedade. Depois do golpe de 2002, ele voltou ao Palácio de Miraflores nos braços do povo.

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Para isso, Chávez deixou exposta a fratura social na Venezuela, amalgamando as forças que sustentam a chamada Revolução Bolivariana. Assim, a burguesia associada aos Estados Unidos e a alta classe média ficaram na defensiva, o que criou condições para avanços maiores.

Brasil e Venezuela passam por uma crise econômica, em um quadro de crise do capitalismo mundial e de desvalorização do preço do petróleo, dos produtos agrícolas e dos minérios. Com isso, a alta classe média, que atua como porta-voz dos interesses da classe dominante, aproveita a brecha e parte para a ofensiva.

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A diferença central é que lá houve medidas de fortalecimento das entidades de bairro, sindicatos e movimentos sociais, dentro de um quadro permanente de politização, que de forma pedagógica fez com que as massas populares tivessem maior compreensão dos interesses em jogo e da luta ideológica.

Assim, esse segmento se mobilizou sempre que necessário em defesa da Revolução Bolivariana, criando uma espécie de vacina contra as manipulações da grande mídia e dos setores conservadores. Sem contar com as políticas de construção de uma rede pública de comunicação, com TVs, rádios e jornais, que oxigenam o debate público.

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No Brasil, a capacidade de mobilização das organizações progressistas não cresceu decisivamente nesses 12 anos e as camadas populares que obtiveram conquistas estão perdidas no meio desse tiroteio político, sob o fogo cerrado da grande mídia e da seletividade do Poder Judiciário.

A posse da presidenta Dilma, depois de uma eleição acirrada, tem um caráter simbólico. Mesmo que vote nos candidatos petistas, o cidadão comum não tem uma identidade política com o projeto em curso e é um elo frágil nesse momento de acirramento das artimanhas dos setores conservadores.

Diante da convocação de protestos de rua pela alta classe média, com o apoio do aparato de mídia privado, que exige uma resposta com atos contra a ofensiva da direita, os limites do processo de mudanças sociais no Brasil saltam aos olhos.

Enquanto Maduro vai às ruas e participa de manifestações de massas, Dilma se esconde e tem medo de vaias, tanto dos detratores como dos apoiadores insatisfeitos com os rumos do governo.

Se não houver uma retificação urgente na estratégia daqueles que conduzem essa política dos panos quentes, poderá ser tarde para dar um cavalo de pau quando for impossível continuar com a mesma toada.

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