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Paulo Henrique Arantes

Jornalista há quase quatro décadas, é autor do livro "Retratos da Destruição: Flashes dos Anos em que Jair Bolsonaro Tentou Acabar com o Brasil". Editor da newsletter "Noticiário Comentado" (paulohenriquearantes.substack.com)

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Ricupero

Rubens Ricupero atribui a tragédia econômica provocada por Michel Temer e Jair Bolsonaro aos governos de Dilma Rousseff

Rubens Ricupero (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)

O papelão de Rubens Ricupero na TV 247 serviu para mostrar a verdadeira face do gentleman. O embaixador, ex-ministro de duas pastas, foi aquele que disse a microfones abertos que supunha fechados, nos anos em ocupava a Fazenda, que “o que é bom a gente mostra, o que é ruim a gente esconde”. Desculpou-se depois, dizendo-se envergonhado pelo surto de sinceridade.

De Dilma Rousseff ele nunca gostou. Em 2015, quando se ensaiava o golpe que derrubaria a presidenta, Ricupero contribuía para a forjadura do clima de terra arrasada que turbinaria o impeachment. Semeava pânico. 

Em entrevista a este jornalista, ele disse coisas como esta: “O que é perigoso, na situação atual do Brasil, sem querer ser alarmista, é que nós estamos nos aproximando neste ano daquilo que de fato mereceria a qualificação de tempestade perfeita. Essa expressão nasceu por causa de um fenômeno que houve em Nova York há uns 10 anos, quando eles tiveram uma terrível tempestade, ao mesmo tempo que a meteorologia foi destrutiva houve um colapso do fornecimento de energia elétrica, os metrôs pararam, não havia iluminação, as pessoas tinham que voltar para casa a pé, começou a ocorrer saques de lojas. É a conjunção de tudo que pode dar errado.”

Ricupero também mostrou a este entrevistador sua bola de cristal econômica: “O ajuste fiscal (de Joaquim Levy), evidentemente, não vai ajudar a economia a se estimular, porque ele sempre tem um efeito recessivo. A poupança está baixíssima, ano passado caiu a menos de 14%, com um investimento interno de menos de 18%, quando precisaria ser de 23%, 24%. E, além do mais, temos ameaças graves de crises de água e energia elétrica. Então, se somarmos isso tudo nós temos um panorama muito complicado.”

E caprichou ao mencionar um ex-ministro de Collor, mostrando seu apego a um dogma ortodoxo: “Marcílio Marques Moreira costuma citar o provérbio romano de que ‘a dose é que faz o veneno’. Quando se gasta muito além do que se pode, com todos esses truques fiscais que fizeram, você pode fazer o bem, mas quebra”. 

Sua aversão a Dilma Rousseff e sua visão superficial da realidade política brasileira ficou ainda mais evidente quando disparou esta: “Dilma deve a reeleição ao Nordeste, às regiões mais pobres, e nessas regiões ela ganhou por causa dos programas sociais”. Ou seja, o tom é de quem “culpa” os nordestinos pela vitória da presidenta Dilma.

Ainda hoje, como seu viu na TV 247, Rubens Ricupero atribui a tragédia econômica provocada por Michel Temer e Jair Bolsonaro aos governos de Dilma Rousseff, que registrou, entre outras marcas, o menor desemprego da História do Brasil. Mas o que significa o desemprego para um neoliberal?

A entrevista completa de Rubens Ricupero ao colunista pode ser lida na íntegra aqui.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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