Rio Centro, de novo?
Diante da insistência do general Augusto Heleno, é de se perguntar qual interesse está por trás desse tipo de divulgação feita de forma irresponsável e sensacionalista. Estranho ao papel de um Ministro da Defesa, a insistência do general dá margem para pensar que se trata de estímulo para que alguém cumpra a sua agenda “terrorista”
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Antes, o general Augusto Heleno, o futuro Ministro da Defesa, vazou um vídeo de reunião onde especulava sobre a existência de um novo atentado contra o capitão Jair Bolsonaro. O vídeo foi divulgado na semana final do segundo turno e, naquele momento, foi secundarizado e tratado como um lance eleitoral. O general Augusto Heleno ainda não havia sido indicado formalmente Ministro da Defesa e agia como um homem da campanha.
No entanto, já na condição de futuro Ministro da Defesa, o general Augusto Heleno voltou ao tema do atentado, novamente sem prestar qualquer informação concreta. Segundo ele, ao jornal O Globo, “o serviço de inteligência do país descobriu indícios de um plano, que qualificou como ‘terrorista’, contra o presidente eleito Jair Bolsonaro”. Ao mesmo tempo, circulou na capital federal a informação de que Bolsonaro planeja tomar posse em carro fechado e blindado, ao contrário dos presidentes anteriores, que chegaram ao Palácio do Planalto em carro aberto.
Ainda de acordo com o jornal, o general não disse quem poderia ter sido o autor do plano e nem quais as providências tomadas em relação ao caso. Na mesma matéria, o Globo afirma que as informações sobre o suposto plano de ataque contra Bolsonaro foram discutidas em reuniões na PF e da Abin. As reuniões já devem ter contado, certamente, com o “homem de confiança” de Bolsonaro, o delegado Daniel França que, depois de ausente no dia do atentado em Juiz de Fora, retornou, a seu pedido, ao comando da sua equipe da segurança.
Diante da insistência do general Augusto Heleno, é de se perguntar qual interesse está por trás desse tipo de divulgação feita de forma irresponsável e sensacionalista. Estranho ao papel de um Ministro da Defesa, a insistência do general dá margem para pensar que se trata de estímulo para que alguém cumpra a sua agenda “terrorista”. Ou, mais grave, gerar a desconfiança de que alguma armação criminosa estaria em curso com objetivo de responsabilizar a oposição, como se tentou no caso da “facada”.
A nova declaração do general Augusto Heleno aconteceu exatamente no momento em que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal adiava decisão sobre a “Lei Antiterrorismo” (PLS 272/16). Por iniciativa do senador Magno Malta, o governo pretende criminalizar lideranças políticas e sociais e entidades por “motivações” de ordem “política, ideológica e social”. “Esse texto é um violento atentado à democracia brasileira”, alertou o Líder do PT, Lindbergh Farias (RJ).
A difusão desse tipo de informação ocorre no momento em que segue sem esclarecimento o assassinato da vereadora Marielle, nas barbas do Exército. Ou que estranhos fatos se sucedem em Juiz de Fora, incluindo novas mortes, tiroteios entre policiais e “pagamentos” com dinheiro falso. É de esperar que a mídia busque apurar com mais rigor esse tipo de informação para evitar que o país seja surpreendido por ações do tipo “Rio Centro”.
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