Rompendo o pacto da masculinidade: um chamado aos homens pelo fim da violência contra as mulheres
Em 2025, a cidade de São Paulo registrou um recorde de feminicídios
Estamos vivendo os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher, campanha que acontece todos os anos entre 25 de novembro — Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher — e 10 de dezembro — Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Como contribuição à essa luta, sou autor da LEI nº 18.071/2024, que incluiu a semana do 'Laço Branco', Semana Municipal de Mobilização dos Homens pelo fim da Violência contra as Mulheres, realizado anualmente na primeira semana de dezembro com culminância no dia 06.
Em 2025, a cidade de São Paulo registrou um recorde de feminicídios: de janeiro a outubro, foram 53 casos, a maior marca desde o início da série histórica em 2015.
Muitos homens acreditam que basta não praticar a violência, e que não precisam fazer mais nada sobre o tema. Mas, na verdade, todos os homens têm um papel essencial na construção de relações mais seguras, respeitosas e igualitárias. Não se trata de culpa individual, mas de reconhecer que, juntos, podemos criar novos caminhos e fortalecer uma cultura de respeito aos direitos humanos das mulheres.
Pense em situações do cotidiano que podem abrir espaço para atitudes transformadoras. Esses gestos mostram que é possível construir outro tipo de masculinidade baseada em escuta, empatia, respeito e corresponsabilidade.
- Um amigo assedia uma mulher e todos se calam, mas você o questiona, orienta, abre o diálogo
- Na reunião de família um parente humilha a esposa e imediatamente você intervém e oferece uma nova perspectiva.
- No grupo de amigos alguém compartilha um vídeo íntimo de uma mulher, você age, pede para apagar, conversa sobre respeito, consentimento e objetificação.
- No trabalho você apoia e reconhece a liderança feminina, contribuindo para ambientes mais justos.
- Ao identificar comentários desrespeitosos, você escolhe conversar sobre isso com calma.
Falar sobre o “pacto da masculinidade” não significa apontar o dedo para os homens. Significa compreender que muitos comportamentos se repetem porque foram aprendidos socialmente, e que podemos aprender juntos outras formas de nos relacionar, mais humanas e igualitárias. Assim, rompê-lo não é romper com os homens, mas romper com padrões que já não cabem mais em uma sociedade que busca segurança e dignidade para todas e todos.
Por isso, mobilizar homens pelo fim da violência contra a mulher precisa ser ação, não apenas slogan. Precisa se tornar um movimento de acolhimento, parceria e transformação.
Também é um posicionamento diário: não aceitar assédio, denunciar, intervir, acolher, apoiar. É agir no grupo de amigos, na rua, no trabalho, na comunidade. Quando um homem confronta outro homem, quando não aceita o assédio, a violência, a objetificação, os “micromachismos” naturalizados, quando denuncia, intervém, acolhe, protege e apoia mulheres, quando age no grupo de amigos, no trabalho, na comunidade, no futebol — ele rompe o pacto da masculinidade e se torna parte ativa da mudança.
Pequenas atitudes, quando somadas, geram mudanças profundas:
- Escutar as mulheres com respeito e sensibilidade.
- Apoiar e acolher quem relata situações de violência.
- Dialogar com outros homens, sem agressividade, mas com firmeza e atenção.
- Promover ambientes saudáveis, seja no trabalho, na família, nos grupos sociais.
- Rever comportamentos aprendidos e estar aberto a mudanças.
- Ser presença ativa na vida de filhos, sobrinhos, irmãos e jovens que buscam referências.
A violência contra as mulheres não será superada apenas com a força das mulheres. Precisamos dos homens na luta.
Com mais homens engajados e conscientes, caminhando ao lado das mulheres, poderemos construir um futuro em que o respeito, a igualdade e a dignidade sejam realidade. E então, sim, teremos motivos para celebrar uma redução real e contínua de todas as formas de violência contra as mulheres.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




