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Miguel Paiva

Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

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Sabe com quem está falando?

"Vingou a linguagem do assédio, da lei do mais forte, do universo macho alfa"

(Foto: Miguel Paiva)
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Por Miguel Paiva

Qualquer noção de coletivo sumiu no Brasil. O individualismo yuppie que nos anos 80 invadiu a Europa e o mundo depois de décadas de lutas sociais hoje volta ao mundo e ao Brasil, mas de outra maneira. Agora é o tempo do “sou mais eu”,, ”sabe com quem está falando?”. Os tempos mudaram para pior. O que vemos hoje no Brasil é o império do vale tudo, eu faço, eu mando e se você se meter vai se ver comigo. A linguagem da violência, do feminicídio e do preconceito substituiu qualquer discurso mais social que tínhamos. A facilitação da venda de armas está diretamente ligada à perseguição às mulheres, aos gays, aos negros e todas os outros grupos que não sejam os supremacistas brancos, héteros e reacionários.

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Vingou a linguagem do assédio, da lei do mais forte, do universo macho alfa. A meritocracia acabou se legitimando e assume um caráter legal na concepção limitada das pessoas. Quem faz mais merece mais. Claro, mas não podemos tirar isso do contexto social de cada lugar. A meritocracia no Brasil parte de uma desigualdade secular que torna todas as disputas favoráveis aos mais fortes, é claro, aos mais ricos, aos mais brancos. Se começamos a corrida do mesmo ponto vão vencer aqueles que têm mais comida, equipamentos melhores de corrida, mais tempo dormido e mais energia nas veias. Por isso tantos atletas são meritocratas beirando o bolsonarismo. Se eu tive que passar pelo que passei, porque o meu vizinho não? 

Claro, na cabeça pouco coletiva dessa gente, em que o senso comunitário passa ao largo é cada um por si, mesmo. Os médicos também passam por isso. Estudam feito desesperados, mas esquecem que os que conseguiram entrar na faculdade por vestibular ou por que têm dinheiro para pagar vieram de classes mais abastadas onde estudar era possível, o computador estava presente e as refeições seguiam os padrões universais do viver com qualidade. Os mais pobres, me desculpem, mas vocês não têm vez. Esse é o pensamento e hoje em dia isso está cada vez mais difundido. Se virem, é o subtexto de todas as afirmações. Para fugir da violência, para entrar na faculdade, para conseguir um emprego. Cada um por sí e deus por todos. 

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Mole, quando deus fecha os olhos para as desigualdades e favorece quem têm. Mole quando deus separa as vagas de trabalho ou de estudos para quem tirou nota melhor porque tinha melhor qualidade de vida. Ser brilhante quando têm que lutar para sobreviver é para muito poucos. O resto pena e não vai adiante. O Brasil que os bolsonaristas querem é esse, A terra dos mais fortes. Só eles sobreviverão. 

É um faroeste que não me interessa. Quero um país em que todos tenham as mesmas oportunidades. Pelo menos e daí possa sair, de modo mais justo, quem se destaca. Todos têm, papel importante no desenvolvimento. Basta ser justo com cada pessoa e cada performance. Para todos existe um lugar se o objetivo for criar um país justo e mais feliz. É o que estamos tentando e havemos de conseguir. E depois, quanto mais médicos, melhor.

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