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Janja Lula da Silva

Socióloga e primeira-dama

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São os homens que decidem ir à guerra, e são as mulheres que sofrem as piores consequências

"Papel social das mulheres as forçam a cuidarem de suas famílias e a imaginarem seus futuros", diz Janja. "Mulheres têm um papel importante na cultura da paz"

(Foto: Reuters/Khalil Ashawi)
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Em maio, durante uma recente viagem a Hiroshima, no Japão, onde acompanhei o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua participação na Cúpula do G7, eu pude visitar o Museu Memorial da Paz. A visão das ruínas deixadas pela explosão nuclear, rodeadas pelos edifícios da cidade reconstruída, impõe-se a nós e obriga-nos a pensar nas graves consequências das guerras, e nas possíveis formas de as superar. 

Tal reflexão nos leva a uma observação inevitável: são os homens que decidem ir à guerra, e são as mulheres que sofrem as piores consequências. Também são as mulheres que são responsáveis por defender a dignidade de suas famílias e comunidades em situações de conflito. Nessas condições, é impossível imaginar a superação das guerras e a construção da paz sem a participação efetiva das mulheres. 

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A defesa da paz em todos os lugares não é apenas um dever moral, é também uma obrigação política para todos aqueles que estão comprometidos com um mundo de equidade e justiça. Toda eclosão de conflito armado, onde quer que ocorra, é a população já vulnerável que mais sofre. A guerra é um instrumento de perpetuação das desigualdades econômicas, sociais, raciais e de gênero.

Também destaco o preço pago por mulheres, meninas e crianças durante e pós guerras. Na realidade, sabemos que o papel socialmente construído para as mulheres, coloca sobre seus ombros o fardo e a carga de suas famílias e comunidades. São também elas, em primeiro lugar, que se preocupam com a questão da subsistência e futuro de suas famílias e comunidades. 

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Lideranças locais - Em regiões onde a violência faz parte do cotidiano, as mulheres e meninas têm a responsabilidade de manter uma forma de “normalidade” e, ao mesmo tempo, estão mais expostas aos diferentes tipos de violência causados pela guerra, incluindo a violência sistemática contra seus corpos. Muitas dessas mulheres conseguem dar um novo sentido à vida coletiva em suas comunidades após conflitos. Elas têm um papel unificador, se tornando líderes ativas na defesa de direitos humanos e ambientais.

Em contextos violentos, o trabalho dessas mulheres garante o acesso a direitos e serviços, que são inevitavelmente restritos nos momentos mais trágicos. Elas tentam superar e prevenir conflitos com os poucos meios políticos que lhes estão disponíveis.

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Em um diálogo recente com a Representante Permanente dos Estados Unidos nas Nações Unidas (ONU), Embaixadora Linda Thomas-Greenfield, compartilhamos nossos pensamentos sobre a contribuição essencial das mulheres para a pacificação em comunidades afetadas por conflitos e observamos que, embora as mulheres sejam predominantemente líderes nos níveis local e comunitário, o mesmo não pode ser dito do mundo político, onde permanecem uma minoria nos órgãos executivos e legislativos. A presença de mulheres nos órgãos decisórios de defesa e segurança é particularmente limitada.

De fato, enquanto nos territórios as mulheres são protagonistas de ações que permitem que as comunidades vivam em paz, poucas vozes de mulheres podem ser ouvidas nos espaços de tomada de decisão onde se discutem guerras e conflitos armados. Essa contradição é incompatível com a necessidade de promover uma cultura de paz e mostra a urgência de enfrentar o desafio de elaborar políticas públicas que garantam e incentivem a participação política efetiva das mulheres, bem como diretrizes para sua implementação.

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Coexistência entre os povos - Dentro das Nações Unidas, foi desenvolvida uma agenda política que promove o papel potencial das mulheres nos processos de negociação e mediação de conflitos. Nomeado Mulheres, Paz e Segurança e Ação Humanitárias, foi oficialmente adotado pelo Conselho de Segurança da ONU em 2000, graças à Resolução 1325. Esta última foi adotada após décadas de esforços de mulheres comprometidas com a integração das questões de gênero no cotidiano da instituição.

Liderada por diplomatas, parlamentares, magistradas, mediadoras, pacificadoras civis e militares, no Brasil e no mundo, essa agenda ganha visibilidade à medida que os conflitos se multiplicam. Os efeitos desses conflitos sobre as populações civis das nações envolvidas, mas também em todo o mundo, são sentidos por todos nós, mas especialmente mulheres e meninas.

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Nos momentos que somos confrontados com crises globais diversas e interconectadas, devemos assumir a tarefa imperativa de refletir sobre o futuro que desejamos deixar às futuras gerações. Esse desafio nos coloca em uma posição de reafirmação absoluta da paz como caminho, não apenas para nossa sobrevivência, nossos recursos, nosso meio ambiente, mas também para imaginar uma nova forma de coexistência entre povos, comunidades e Estados. Sem paz, não podemos enfrentar nenhum dos outros desafios da humanidade: a luta contra a fome e a desigualdade, as pandemias ou a crise climática. E nós mulheres temos muito a contribuir para a construção de uma paz duradoura, baseada na cooperação para um mundo mais justo para todos os povos.

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