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Michel Zaidan

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Saudades do carnaval

Esse carnaval dos sonhos fica a dever ao brasileiro muitas promessas e realizações

Mocidade Alegre (Foto: Reprodução (Youtube))

Título do livro de ensaios do crítico José Guilherme Merquior.  Uma crítica a cultura ocidental, baseada na transformação que ocorreu  com esse rito de inversão que era/foi carnaval originalmente. Uma verdadeira subversão simbólica das relações de força na sociedade: o de cima vai para baixo. O de baixo vai para cima.Tendo no grotesco sua estética fundamental. Carnaval domesticado espetacularizado, higienizado e contabilizado para se vender.

Vamos esperar pelo carnaval, da música de Chico: transgressão dionisíaca ou baquica que muda, transforma, liberta , ainda que de forma catártica e psíquica os que vivem na escravidão do dia-a-dia. Como atividade meramente compensatória , enquanto os empregos formais não vem, esse carnaval dos sonhos fica a dever ao brasileiro muitas promessas e realizações, para não se parecer com a máscara mortuária da quarta feira de cinzas!

Como disse nosso compositor maior:quando o carnaval chegar. Que não se confunda com o polo de confecções do agreste de Pernambuco

No filme homônimo, que retrata exatamente o contrário do sentido originário, anárquico, contestador e libertário do Carnaval.

PS. Lembrar aqui a bem documentada tese da professor Roseana Medeiros sobre a  ressignificação que sofreu a imagem do caboclo de lança, dos nossos maracatus rurais, como propagandista de Shopping Centers, para não falar do próprio estado de Pernambuco. Apropriação perversa da luta simbólica dos trabalhadores rurais contra a exploração econômica a que estão submetidos. Diferentemente da utilização de Gilberto Gil e Chico Science em Maracatu Atômico.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.