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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Se a oposição bobear, Temer não larga o osso

Temer vai usar todos os artifícios, legais ou não, para continuar no Palácio do Planalto e isso inclui jantares, verbas publicitárias mais gordas, perdão de dívidas, pedidos de vistas, recursos jurídicos, além de colocar a polícia nas ruas para reprimir o povo.

Presidente Michel Temer faz pronunciamento no Palácio do Planalto. 18/05/2017 REUTERS/Ueslei Marcelino (Foto: Ribamar Fonseca)
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A julgar pelo tom do noticiário de quinta-feira das emissoras de televisão, sobre as manifestações de quarta-feira em Brasilia, e pelas críticas dos mesmos imbecis que espalham veneno nas redes sociais, o povo é baderneiro, o grande vilão deste país. Eles se indignaram com a quebra de vidraças, com as pedras atiradas nos policiais mas não viram as bombas de gás lacrimogêneo, o spray de pimenta e as balas de borracha e também de chumbo, que feriram pelo menos 50 pessoas, inclusive um homem que hoje respira por aparelhos. O povo, que reivindicava seus direitos, foi responsabilizado pela mídia pelo cenário de guerra na Esplanada dos Ministérios. Omitiram deliberadamente que o responsável pela violência, na verdade, é o governo Temer que, com a cumplicidade de parlamentares corruptos e da própria mídia, insiste em fazer reformas condenadas pela população e que são apresentadas, pelos mesmos parlamentares, como “de interesse do povo”. É muito cinismo. O povo, então, sai às ruas e enfrenta a repressão policial para protestar contra reformas que atendem aos seus interesses?

Parece que todos enlouqueceram. A mídia, regiamente paga com o dinheiro do contribuinte, apresenta um Brasil em crescimento, sem recessão, com números positivos que mostram todas as atividades em recuperação , com mais empregos, o que leva incautos, incluindo pessoas aparentemente instruídas e inteligentes, a imaginarem que o governo Temer é maravilhoso. Ao mesmo tempo, Michel Miguel aparece na telinha da TV afirmando que o país vive na mais completa normalidade, inclusive com o Congresso aprovando as matérias de interesse do seu governo. O senador Romero Jucá, líder do governo no Senado, fez um pronunciamento inflamado dizendo, entre outras coisas, que “tudo vai bem e o governo não está caindo”. E parece, mesmo, que, afora as manifestações do povo e pronunciamentos de representantes dos dois lados, vai tudo bem, pois até agora tudo continua como dantes, apesar do acumulo de denúncias e de pedidos de impeachment contra Temer.

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A verdade é que se a oposição bobear Michel Miguel não sai. Depois de chegar ao poder por meio de um golpe que exigiu uma ampla conspiração, incluindo parlamentares corruptos comprados, a mídia, parte do Judiciário, parte do Ministério Público, empresários, etc, é óbvio que ele não entregará facilmente o governo apenas porque dois irmãos delatores denunciaram suas propinas milionárias e muito menos porque tem uma ação contra ele no Tribunal Superior Eleitoral. Ele vai usar todos os artifícios, legais ou não, para continuar no Palácio do Planalto e isso inclui jantares, verbas publicitárias mais gordas, perdão de dívidas, pedidos de vistas, recursos jurídicos, além de colocar a polícia nas ruas para reprimir o povo, não importa quantas vítimas sejam feitas. Embora já existam 14 pedidos de impeachment, ele sabe que nenhum deles será aceito pelo seu aliado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, genro do seu ministro Moreira Franco. Um dos deputados da base aliada, aliás, chegou a afirmar, com um sorriso de deboche: “Nenhum desses pedidos será votado por esta Câmara”.

 Temer está tão confiante em sua permanência no Planalto que até promoveu a babá do seu filho como funcionária do seu gabinete. E se permanecer mesmo no governo vai acabar nomeando-a ministra de alguma coisa. Sua turma também está confiante que nada mudará, pois o ministro da Fazenda, Francisco Meireles, fala na aprovação das reformas no máximo em dois meses e garante que “pelo cenário-base o presidente continua”. Por sua vez, o presidente da Petrobrás, o vendilhão Pedro Parente, já anunciou que leiloará todos os campos do pré-sal em outubro. O PSDB e o DEM reafirmaram a sua disposição de permanecer na base do governo, manobrando no Congresso para neutralizar a oposição e garantir a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência. As defecções sofridas até agora pela base aliada não foram ainda suficientes para deixar Temer sem chão. Michel Miguel, portanto, está tranquilão, provavelmente convencido de que a investigação do Supremo não dará em nada e que o povo nas ruas não terá forças suficientes para catapultá-lo do Planalto. Por isso, desafiou: “Se quiserem, me derrubem”.

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E teremos mais um final de semana com Michel Miguel Temer Lulia montado na Presidência da República, incensado pela mídia e sorrindo do povo que vai pra rua protestar e levar bordoadas da policia. Ele até já se gabou de ser o mais impopular presidente da história do país, o que significa que está se lixando para a gritaria popular. Portanto, se a oposição não endurecer no Congresso e o povo não aumentar a pressão nas ruas, ampliando as manifestações, Michel Miguel fica, mais agarrado no poder do que carrapato. Nem inseticida dá jeito.  

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