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Alex Solnik

Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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Se ficar em silêncio Rocha Loures pode ser silenciado

"Ao desvendar a identidade de Edgar Rafel Safdié a Polícia Federal também deixou claro que Rocha Loures não estava habilitado para a função, por falta de malandragem e que não era o único carregador de mala de Temer. A outra conclusão que nos deixa o episódio é que corrupção é coisa de rico, onde pobre não tem vez", diz o colunista Alex Solnik sobre o homem da mala de Michel Temer

"Ao desvendar a identidade de Edgar Rafel Safdié a Polícia Federal também deixou claro que Rocha Loures não estava habilitado para a função, por falta de malandragem e que não era o único carregador de mala de Temer. A outra conclusão que nos deixa o episódio é que corrupção é coisa de rico, onde pobre não tem vez", diz o colunista Alex Solnik sobre o homem da mala de Michel Temer (Foto: Alex Solnik)

   Embora seja uma ocupação de alto risco, requerer sangue frio, destemor, nenhum caráter e muita malandragem carregar malas de dinheiro deve render uma boa grana. Bem mais do que carregar mala em aeroporto, com certeza.

   Eu imaginava que, dado o teor da coisa, esses profissionais não passassem de pés-de-chinelo, mas mudei de opinião com o caso Rocha Loures: afinal, ele é membro de uma abastada família, dona do império das barrinhas de cereal, não pode ser um lúmpen.

   Me convenci mais ainda agora.

   Na conversa gravada com Ricardo Saud, Rocha Loures cogitou colocar pra carregar a mala um cara chamado Edgar.

   Ninguém sabia quem era.

   A PF descobriu que é Edgar Rafael Safdié, filho do banqueiro Edmundo Safdié, falecido no ano passado, fundador do Banco Cidade vendido ao Bradesco em 2002, cujo presidente, no período final da ditadura, foi o general Golbery do Couto e Silva, o que informa que laços com governo são serventia da casa.

   Edgar passou quatro anos na vice-presidência do Banque Safdié, vendido ao banco israelense Leumi em 2011, e é sócio da Latour Capital do Brasil, aberta em 2006.

   Parece que ele recusou a empreitada dessa vez, mas, se foi cogitado só pode ter sido porque tem experiência no metier.

   Tudo indica que Rocha Loures recebeu 35 mil para levar a mala de 500 mil, mais que o salário mensal de um presidente do Brasil – nada mau - pois foi a quantia que faltou na primeira vez em que ele devolveu a bufunfa.

   O chato é que além de ter sido obrigado a devolver o seu pró-labore ele agora está em cana em meio a um dilema: ou conta que os 500 mil não eram dele e sim do seu chefe, como garantem Joesley e Saud e acaba de vez com o que resta do governo Temer e desse modo ganha vários inimigos furiosos para o resto da vida ou fica em silêncio e passa uma boa temporada na cadeia com a cabeça a prêmio – ou faltam matadores para silenciá-lo lá mesmo?

   Ao desvendar a identidade de Edgar a Polícia Federal também deixou claro que Rocha Loures não estava habilitado para a função, por falta de malandragem e que não era o único carregador de mala de Temer.

   A outra conclusão que nos deixa o episódio é que corrupção é coisa de rico, onde pobre não tem vez.

    Nem pra carregar mala.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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