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    Ricardo Flaitt

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    Seleção brasileira: um Narciso diante de um poço seco

    Sem a capacidade de olharmos para nós mesmos e percebermos a dimensão de nossa imagem fustigada e em colapso, continuamos tratando o nosso fracasso como se ainda fôssemos os guardiões e detentores de algo mágico do futebol

    Os 10 a 1, no quintal de nossa casa, diante de nossa família e de convidados do mundo todo, não foram vergonhas suficientes para criarmos um espelho imaginário em nossas mentes.

    Sem a capacidade de olharmos para nós mesmos e percebermos a dimensão de nossa imagem fustigada e em colapso, continuamos tratando o nosso fracasso como se ainda fôssemos os guardiões e detentores de algo mágico do futebol.

    O nosso sempre sentimento de colônia, fornecedores de matérias-primas para o desenvolvimento dos mercados, diluía-se quando o assunto era futebol. Ainda que fornecêssemos o que de melhor se fazia com uma bola nos pés para o mundo, quando nos reuníamos para defender as nossas cores, mostrávamos ao mundo que aquela magia, ginga, malemolência, picardia, malandragem, arte e encantamento driblavam todos os prognósticos, todos os esquemas táticos, todas as teorias. Nosso mundo, dentro das quatro linhas, era repleto de craques, deuses e mitos.

    O problema é que nossa fonte parece ter secado. Nossa Seleção tornou-se um verdadeiro Catadão: sem representatividade, sem representação e, pior, sem bola no pé, tendo de recorrer a meros mortais da China, da Ucrânia para nos amparar.

    Respeito o Dunga. É campeão do mundo, tem raça, comprometimento, mas isso não o credencia para comandar a "principal" Seleção do mundo. Não podemos nem dizer que Dunga é uma aposta, pois já esteve à frente da Seleção e agora representa mais o raciocínio circular que um possível avanço.

    Se é para arriscar, só dois nomes, no momento, poderiam talvez nos ajudar a reencontrarmo-nos: Guardiola ou Tite, mas acredito que os dirigentes ainda insistirão a construir comandantes com as sobras de peças de um relógio de parede que se espatifou no tempo.

    O Brasil vive uma crise de representação tão profunda que atingiu até a Seleção Brasileira. Agora estamos diante de um poço e constatamos um fundo seco, que nem nos permite aproveitarmos o reflexo para entender nossa mente ultrapassada, porém, narcisística, no futebol brasileiro.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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