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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Sem chance para uma pacificação que proteja criminosos

"Pacificar o país, depois da vitória de Lula, não pode significar suporte político para o perdão de criminosos", escreve Moisés Mendes

Lula (Foto: Ricardo Stuckert)
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Por Moisés Mendes, para o 247

Relembrem o que esses personagens tiveram em comum e falem sobre eles com os mais jovens. Magalhães Pinto, Severo Gomes, Teotônio Vilela, Paulo Brossard, Julio de Mesquita Filho, Sinval Guazzelli.

Todos foram cúmplices do golpe de 64. Todos, alguns muito cedo, outros tardiamente, voltaram-se depois contra a ditadura ou contra antigos aliados, ao juntarem-se à luta pelo resgate da democracia.

Perguntem aos democratas sobreviventes daquele tempo se eles saíram a espalhar que sabiam o que antigos golpistas arrependidos tinham feito no outono de 64. Não diziam nada.

Os democratas que ainda podiam falar, enquanto muitos era caçados e cassados e outros eram torturados e assassinados, acolhiam os que chegavam de todos os lados. Faziam política em nome da redemocratização.

Hoje, parte das esquerdas ainda esfola quem se aproxima, não de Lula, mas da frente para derrotar o fascismo. Como se fossem velhos gatos ciumentos preocupados em defender territórios.

Parte das esquerdas ainda mija pelos cantos, para afastar quem considera indigno de chegar perto pela primeira vez ou de se reaproximar de Lula. Como fizeram com Alckmin.

Se fosse no tempo da ditadura, essa esquerda mais bobinha do que sectária colocaria a correr Dom Helder Câmara. Como tenta hoje pelas redes sociais escorraçar Tabata Amaral e Marina Silva.

E nenhuma das duas foi e nunca será militante de direita. E Dom Hélder foi ativista integralista. E se afirmou depois como uma das vozes da radicalidade cristã pela democracia.

Dom Hélder também fazia parte do jogral do integralismo de Deus, pátria e família, o mesmo grito de guerra de hoje do bolsonarismo. E depois virou o arcebispo vermelho, porque se aliou aos que combatiam os militares.

No Brasil desfigurado por Bolsonaro, não é pouca coisa que Tabata Amaral tenha declarado apoio público, em voz alta, a Lula e Alckmin. Sim, o partido dela, o PSB, é o mesmo de Alckmin. Mas Tabata poderia ficar falando baixinho.

Banqueiros, grandes empresários e fazendeiros se deram conta, como aconteceu com os retardatários de 1978, que agora não dá mais. É preciso conter militares e milicianos.

A grande imprensa se junta à reação, porque sabe o que a espera se houver um golpe. Que os jornalões se aproximem de quem luta desde 2016.

Herdeiros dos Frias da Folha, dos Marinhos do Globo e dos Mesquitas do Estadão fazem os mesmos movimentos de meio século atrás, quando seus ancestrais tentavam se desconectar da ditadura.

Mas ser crítico em relação aos golpistas de 64 e de 2016 não pode significar desprezo pela adesão de parte deles a manifestos e a gestos concretos pela democracia.

Só não pode se repetir agora com certos arrependidos o que aconteceu a partir de 1979 – e depois com aval do Supremo –, com uma tentativa de imitação da anistia a criminosos comuns.

Pacificar o país, depois da vitória de Lula, não pode significar suporte político para o perdão de criminosos protegidos por possíveis aliados de última hora dos movimentos antigolpe.

Que os articuladores de aproximações com arrependidos deixem claro que ninguém vai se esforçar para cavar trincheiras políticas capazes de apadrinhar impunidades.

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