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Marcelo Auler

Marcelo Auler, 68 anos, é repórter desde janeiro de 1974 tendo atuado, no Rio, São Paulo e Brasília, em quase todos os principais jornais do país, assim como revistas e na imprensa alternativa.

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Sem questionar, imprensa endossa terrorismo contra porteiro de Bolsonaro

"Toda a fúria do governo, materializada no ofício do hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro e, pelo jeito, endossada pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras, além de membros do Ministério Público Federal do Rio, volta-se contra o depoimento que o porteiro – ainda anônimo – deu na polícia, nos dias 7 e 9 de outubro", diz o colunista Marcelo Auler

Moro no STF: se Bolsonaro honrar o compromisso, um novo escárnio mundial (Foto: Marcos Corrêa/PR)
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Por Marcelo Auler, em seu blog – Ao simplesmente noticiar, sem questionar – ou, ao menos, pensar no que está divulgando -, a informação de que a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar o porteiro do Condomínio Vivendas da Barra pelo suposto crime de calúnia e por um possível atentado à Lei de Segurança Nacional, a chamada grande mídia simplesmente endossou – sem qualquer questionamento, repita-se – o terrorismo montado pelo governo contra um pobre coitado.

A prevalecer a tese de que o porteiro cometeu crime, teremos criado no Código Penal Brasileiro – com a ajuda da grande imprensa – uma nova figura, bastante exótica, por sinal: o crime de premonição.

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Toda a fúria do governo, materializada no ofício do hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro e, pelo jeito, endossada pelo Procurador-Geral da República, Augusto Aras, além de membros do Ministério Público Federal do Rio, volta-se contra o depoimento que o porteiro – ainda anônimo – deu na polícia, nos dias 7 e 9 de outubro.

Nas duas oportunidades, o funcionário do Vivendas da Barra apenas explicou o que registrou na ficha de controle de acesso dos visitantes ao condomínio, no dia 14 de março de 2018.

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Qual seja, que Élcio Vieira, motorista do Renault/Logan, cor prata, placa AGH 8202, ao ingressar no condomínio às 17:10 hs do dia 14 de março de 2018, anunciou ir à casa 58. Dentro da sua função, o porteiro anônimo – mas, insiste-se, a esta altura apavorado – consultou os moradores da casa e ouviu o “OK” daquele que identificou como “Seu Jair”.

O que esperavam que ele dissesse? Que negasse o que registrou? Qual o crime que ele pode ter cometido ao confirmar a anotação que fez? Queriam que mentisse? Forjasse uma nova versão?

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Logo, se ele apenas confirmou – detalhou/explicou – o que anotou em março de 2018, como dizer que atentou contra um presidente da República que só seria eleito sete meses depois e só assumiria o cargo no início do ano seguinte?

Como admitir a intenção deste, hoje, amedrontado porteiro de atentar contra os poderes da República – exigência básica para o enquadramento na Lei de Segurança Nacional, um resquício da ditadura – no simples fato de confirmar a anotação feita 19 meses antes?

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Contra que Poder ele estaria atentando, naquela data, ao fazer esse registro? Só poderia ser ao Legislativo, pois o “Seu Jair”, se for mesmo o proprietário da casa 58, ou seja, Jair Messias Bolsonaro, na época era um deputado federal.

A prática de republicar tudo o que se recebe sem duvidar, parar para pensar, buscar informações que confirmem e expliquem a notícia, questionar a veracidade da mesma, faz da imprensa uma mera correia de transmissão. Muitas vezes irresponsável.

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O Blog, na noite desta quarta-feira, ouviu um desembargador estadual, um procurador de Justiça e um advogado criminal. Todos foram unânimes em classificar as teses de que o porteiro cometeu crimes como loucura. Na versão de um deles, “terrorismo contra o porteiro”.

Enxergam uma tentativa de confundir e embaralhar a investigação para não se chegar ao principal, isto é, os seus verdadeiros mandantes.

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O pior é ver a imprensa, que em outras eras enfrentou a ditadura e o autoritarismo, desmascarou as farsas como o “sequestro de Rubens Paiva”, ou a “bomba do Riocentro”, hoje fazendo o papel de, no mínimo, inocente útil. Servindo para espalhar fatos que não se confirmarão, sem questio0ná-los como deveriam.

Esquecendo que a sua função principal é esclarecer leitores/ouvintes/telespectadores.

O Caso do Condomínio Vivendas da Barra, como este Blog – Enigmas do Vivendas da Barra: álibis se desmontam? – e outros – JornalGGN,  Blog do Berta – ou mesmo o jornal O Globo, através da coluna do Lauro Jardim, têm noticiado, está repleto de questões a serem esclarecidas. Ao que parece, porém, os coleguinhas não leem o próprio jornal/site onde trabalham.

Na reportagem desta quarta-feira (06/11) em O Globo on line, sobre a abertura do Inquérito pela Polícia Federal, consta, sem qualquer questionamento – provavelmente fruto do famoso “Ctrl C”, Ctrl V” -, que a “convicção do MP de que o porteiro deu informações falsas à polícia baseou-se na análise da gravação de um diálogo entre o sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, também suspeito das execuções”.

A reportagem, porém, não cita o furo jornalístico de Lauro Jardim, colunista do mesmo site/jornal, de que nesta gravação não aparece a voz do porteiro que registrou a entrada do Logan cor prata no condomínio. Na gravação estaria um outro porteiro/servidor do Vivendas da Barra. Logo, não dão valor à informação veiculada no site/jornal para o qual trabalham, indicando contradições no caso.

É de se perguntar, em quem o leitor acreditará?

Aos leitores e seguidores do Blog – Com a eleição da nova diretoria na Associação Brasileira de Imprensa – ABI, o editor do Blog tornou-se seu diretor de jornalismo, o que provocou sua ausência neste Blog nos últimos meses. Por isso esperamos a compreensão dos leitores e seguidores com as limitações de nossas reportagens que aos poucos estamos retornando. Desde já renovamos os agradecimentos àqueles que, mesmo com nossa ausência, não deixaram de contribuir para a nossa sobrevivência, ajudando também a cobrir as despesas que nos são impostas com processos e investimentos que fazemos com viagens. Para contribuir com o Blog e nosso trabalho, utilize a conta bancária exposta no quadro ao lado.

O Blog aderiu ao Jornalistas Pela Democracia. Entenda o que é e como funciona.

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