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Milton Alves

Jornalista e sociólogo

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Sem rumo: Após decisão do TRE-SP, Moro vai ter que provar que conhece o Bacacheri ou o Tatuquara em Curitiba

O colunista Milton Alves afirma que 'a arena da política de Moro e Dallagnol visa assegurar uma imunidade para enfrentar os vários delitos cometidos pela dupla'

Sergio Moro (Foto: Lula Marques/Agência PT)
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O ex-juiz Sergio Moro tem colecionado uma série de derrotas políticas nos últimos meses. A decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), que impugnou a tentativa de transferência de domicílio eleitoral de Moro do Paraná para São Paulo, foi um golpe duro nas pretensões políticas do ex-juiz da Lava Jato.

O ex-juiz tentou emplacar mais uma farsa, e seu deu mal. O TRE-SP, por 4 votos a 2, na noite de terça-feira (7), acolheu um pedido do Partido dos Trabalhadores (PT), que denunciou a ausência de domicílio eleitoral de Moro no estado de São Paulo.

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Moro, que é natural de Maringá, noroeste do Paraná, exerceu por alguns anos a função de juiz na capital paranaense, onde ganhou projeção em dois rumorosos e controversos casos — o Escândalo do Banestado, com as nebulosas contas CC5, e a operação Lava Jato, uma farsa judicial golpista e criminosa. Nos dois casos, Moro agiu atropelando o Estado de Direito e favorecendo amigos e aliados políticos.

A tentativa de trocar o domicílio eleitoral foi marcada pela improvisação e, mais uma vez, pela farsa –, uma burla contida pela ação diligente do TRE paulista. Moro apresentou como comprovante de residência a locação de apartamento em um flat na zona sul da capital paulista, que, segundo ele, teria se tornado a “sua residência e base política” — a mentira não colou.

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As opções de Moro

O desembarque político de Moro no Paraná não será tranquilo: o ex-juiz vai enfrentar uma resistência política de setores da direita tradicional. Sergio Moro tem revelado uma condução política desastrada, atabalhoada, o que gerou um sentimento consolidado de desconfiança entre os seus antigos aliados políticos.

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É o caso do senador Álvaro Dias (Podemos), uma espécie de padrinho político de Moro, que até cedeu a legenda do partido para abrigar uma natimorta candidatura presidencial do ex-juiz, mas que logo foi abandonada por promessas do União Brasil. Moro foi, no mínimo, desleal com o veterano político. Além disso, circula a especulação de que Moro pode ser candidato ao Senado contra Dias, que concorrerá à reeleição em outubro deste ano.

A outra opção de Moro, que é disputar uma cadeira para deputado federal, tromba com a candidatura já lançada de Deltan Dallagnol, seu parceiro de crimes na Lava Jato. Ou seja, serão duas candidaturas disputando o nicho eleitoral lavajatista, que encolheu politicamente nos últimos dois anos — em parte pela revelação das ações criminosas da operação e, principalmente, tragado pelo bolsonarismo mais radicalizado. Nas duas situações, Moro vai enfrentar um determinado nível de constrangimento político e eleitoral.

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Moro, o falso herói construído pelas corporações da mídia empresarial, vai enfrentar o teste das urnas com uma imagem desgastada e politicamente enfraquecida. As constantes piruetas políticas, a falta de traquejo e o personalismo exacerbado são componentes de uma personalidade que acreditou na personagem que encarnou durante o auge da Lava Jato. O Moro de verdade não tem passado no teste de cognição que a atividade política exige.

Legado nefasto de Moro e Dallagnol

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Moro também será julgado durante as eleições pelo nefasto legado da Lava Jato. Ao traçarmos uma linha do tempo da operação iniciada em março de 2014, é inevitável a constatação de que a Lava Jato contribuiu de forma decisiva para a eleição do presidente Jair Bolsonaro, que conduz um governo desastroso, de destruição do país.

O lavajatismo foi o estuário em que a extrema direita navegou em 2018, com muita demagogia e o apoio da imprensa dominante, facilitando a chegada de Bolsonaro ao comando do governo federal.

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Os métodos da Lava Jato desembocaram na criminalização dos partidos e de lideranças políticas, que teve como maior expressão a campanha inédita de lawfare contra um líder político brasileiro – o ex-presidente Lula -, condenado e preso sem provas por 580 dias. O encarceramento “preventivo” de executivos de empresas privadas e públicas, as delações forjadas, as conduções coercitivas ilegais, as prisões filmadas, os vazamentos seletivos para a Rede Globo, a falsificação de documentos e a espionagem de advogados de defesa dos acusados foram alguns dos mecanismos criminosos utilizados pela operação.

A Lava Jato, conduzida por Moro e Dallagnol, também legou um enorme passivo na economia do país. Sob o pretexto do combate à corrupção, provocou a implosão de setores inteiros da economia nacional, afetando a indústria da construção civil e de infraestrutura pesada, a indústria naval, o setor químico e a cadeia produtiva de petróleo e gás — o que jogou milhões de trabalhadores no desemprego.

O mergulho na arena da política de Sergio Moro e Deltan Dallagnol visa assegurar uma futura imunidade para enfrentar os diversos delitos e crimes cometidos pela dupla, que ainda demandam uma responsabilização penal.

Nas rodas informais de conversas políticas dos grandes escritórios jurídicos de Curitiba – e na popular e ferina Boca Maldita – uma indagação é corrente: Moro sabe onde fica o Bacacheri? O Tatuquara?

Moro anunciou que na próxima terça-feira (14), em Curitiba, às 11h, fará uma entrevista coletiva para revelar os seus próximos passos políticos. Vamos aguardar.

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