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Ricardo Nêggo Tom

Cantor, compositor, produtor e apresentador do programa Um Tom de resistência na TV 247

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Sérgio Camargo – O gado da cara preta e de alma branca

Sérgio Camargo (Foto: Reprodução)
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Uma rotina de humilhação, assédio moral e terror psicológico. É assim que 16 funcionários da Fundação Palmares, descrevem o dia a dia dentro da instituição presidida por Sérgio Camargo. O preto capitão do mato que Jair Bolsonaro fez se enxergar como branco e o designou para perseguir os seus irmãos de cor. Enquanto era exibida no “Fantástico” da Rede Globo uma matéria a respeito da sua gestão opressora a frente da fundação Zumbi dos Palmares, Camargo postava em seu perfil do Twitter que estava ouvindo as sonatas de Franz Schubert, com o mestre alemão do piano Wilhelm Kempff.

Provavelmente, dado ao seu gosto musical e à sua conduta social, ele também deve ter o “Mein Kampf” como livro de cabeceira. O que explica e justifica a sua ideologia racista e a sua defesa da supremacia branca, mesmo sendo preto. Ainda em seu perfil do Twitter, nos deparamos com frases que evidenciam o ódio racial que ele nutre pelos afrodescendentes e a sua não aceitação como tal. Para entendermos melhor o que diz Sérgio Camargo, basta pegarmos as suas palavras e atribui-las à fala de um branco. Imagine se um sujeito branco dissesse: “Se você é preto e tem orgulho do seu cabelo, além de ridículo, será sempre um fracassado a serviço do vitimismo. ” Ele não seria enq uadrado no crime de injúria racial?

A coletânea de fezes, digo, de frases que Sérgio Camargo ostenta orgulhoso em seus perfis nas redes sociais, inclui ainda coisas do tipo “o movimento negro é uma escória maldita” e “o cabelo do negro é carapinha” O mesmo já disse que pretende escrever um livro. Eu sugeriria como título: “Pensamentos da Ku Klux Klan”. Resta saber se organização racista aceitaria ter o seu nome associado à obra literária de um preto. Ainda que este tenha a alma branca e podre como os seus membros. Falando em livro, a personalidade de Sérgio Camargo pode ser definida por Frantz Fanon, no seu “Pele negra, máscaras brancas”, onde o escritor e psiquiatra aborda a questão n egra sob uma visão psicanalítica.

O atual presidente da Fundação Palmares se encontra dentro do dilema apresentado por Fanon em seu livro. O do preto que ainda não se descobriu e não se encontrou como tal. Para Frantz Fanon, a questão negra não poderia ser compreendida fora da relação negro-branco. Relação esta que Sérgio Camargo assumiu de forma controversa, se submetendo ao que o autor francês classificou como “epidermização da inferioridade”, o que fica explícito no pensamento verbalizado por Camargo, quando ele questiona os motivos para se ter orgulho da raça, usando as características étnicas dos africanos como fator depreciativo.

Num momento em que o mundo se engaja na luta antirracista, os posicionamentos de Sérgio Camargo representam um desserviço à comunidade. E não apenas à comunidade preta. A sociedade, de um modo geral, necessita de uma desconstrução de “valores” tidos como tradicionais, para progredir de fato. E o racismo figura entre essas construções sociais conservadoras. Óbvio, que não podemos desprezar o caráter vendido do ainda presidente da Fundação Palmares. A sua função dentro da instituição é estratégica e objetiva, justamente, a defesa desses valores tradicionais racistas. E nada mais cruel e covarde, do que escalar um preto para fazer um trabalho t&a tilde;o sujo contra o seu próprio grupo étnico.

Entre a maioria branca do gado bolsonarista, Camargo se destaca pelo brilho de sua cara preta, lustrada a óleo essencial para peles brancas e sensíveis ao sol da realidade racial que ele foi pago para ignorar. Os brancos que manifestam aprovação às suas opiniões, podem perfeitamente ser enquadrados no crime de racismo. Aliás, são estes racistas incubados que ajudam a municiar os ataques que o capitão do mato adorador de Schubert e Wagner promove contra os seus. Poderiam tranquilamente serem indiciados, no mínimo, por apologia ao racismo.

Eu fico pensando é na tarefa árdua que os professores de história terão no futuro, tendo que abordar em sala de aula tudo o que bolsonarismo representou para o país. Imaginem só, os pobres docentes explicando para os seus alunos que um cantor sertanejo que tinha uma prótese peniana paga com dinheiro público, arquitetou um golpe de estado junto com um grupo de caminhoneiros e com o sindicato da soja, que a fundação Palmares tinha como presidente um preto que odiava Zumbi e todos os pretos que lutavam por seus direitos e que o presidente da república era um miliciano que mandava o povo deixar de comer feijão para comprar fuzil. Nunca estivemos sob o comando de tão degredados filhos de Eva.

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