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Urariano Mota

Autor de “Soledad no Recife”, recriação dos últimos dias de Soledad Barrett, mulher do Cabo Anselmo, entregue pelo traidor à ditadura. Escreveu ainda “O filho renegado de Deus”, Prêmio Guavira de Literatura 2014, e “A mais longa duração da juventude”, romance da geração rebelde do Brasil

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Sérgio Moro no inferno

Moro na justiça não Mora mais. Agora, da Divina Comédia ele sai para entrar na mais vulgar tragédia terrena. De um ponto de vista político, Moro se tornou Morto

(Foto: Adriano Machado - Reuters)
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O já, já ex-ministro Sérgio Moro nasceu em primeiro de agosto. Com o seu ótimo nível cultural, que o faz citar latim na base do copia e cola do google, ele bem deve saber que: 

1. O seu signo é Leão

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2. Que antes do seu aniversário, um mês antes, ele entra no mais absoluto inferno astral.  

Pois assim rezam as informações que vêm do seu guru, o astrólogo-filósofo- Olavo de Carvalho:  o inferno astral de Leão começa a agir um mês antes do aniversário dos nascidos desse signo. E quando eles veem os seus planos caindo por terra, estão no inferno astral.

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Supersticioso, bem sei que Sérgio Moro começou a tremer. Ele atingirá um ponto culminante no daqui a pouco primeiro de julho. E por isso não deve mais comparecer a depoimentos no Congresso, pois deve evitar a própria fala naquela voz eloquente dos inquisidores cujo poder é a negação dos direitos humanos. Então, ele deve poderá se precaver de falar a palavra Diálogo, pois somente lhe sai Diágolo. Com efeito, desde “conge”, em lugar de cônjuge, notamos que Moro tem um sério problema com a língua... portuguesa. 

Mas não devemos escrever no seu nível. Nós, que viemos de trabalho e estudo, noites e dias de infelicidades e alegrias, não devemos nos nivelar aos bem postos nos cargos sem encargos de consciência. Não queremos nem vamos entrar no conceito do seu inferno astral. Não. As bem pesquisadas reportagens de Glenn Greenwald, as descobertas reveladas pelo The Intercept nos acordam para outro inferno, que Dante Alighieri escreveu para todos os séculos com as chamas ardendo sobre o corpo do ex-juiz.

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Que paradoxo! Como pode o corpinho tão mirrado do ministro da “justiça” ter matéria suficiente para o fogo pela eternidade? Paradoxal, mas é bem possível. O calor lento que suplicia e queima o Torquemada de Curitiba já mostra a sua possibilidade: as reportagens de Glenn Greenwald, que as divulga devagar, chama por chama, já são mostra do fogo eterno.  

O inferno de Sérgio Moro começou antes, desde o tempo em que o gênio de Dante Alighieri publicou A Divina Comédia. O tipo, o gênero e subgênero de homens da sua espécie já foram narrados em versos como no Canto XXVII da obra-prima. No trecho em que os poetas vão à oitava vala do Inferno e veem onde se acham os conselheiros fraudulentos, ocultos, cada qual numa chama alongada. Numa delas está Sergio Moro, com o seu equivalente no tempo de A Divina Comédia:

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“Enquanto a humana forma era habitada
Por mim, não provei ser leão por feitos,
Mas raposa, por astúcia abalizada.
 

“Estratégia sutil, ardis perfeitos
Tantos soube, que os âmbitos da terra
 Eram à fama de meu nome estreitos”.

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Ou nesta bela versão do tradutor Cristiano Cordeiro:

“Enquanto tive um corpo, e fui vivente, 

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Mais a raposa eu imitei, traiçoeira, 

Nos atos meus, do que o leão valente.

Em ciladas e ardis, à mão ligeira, 

Adestrei-me com tal habilidade, 

Que meu nome soou na terra inteira”

Veem bem como nem tudo é coincidência. O gênio do verso Dante fala que Moro desejou ser Leão. Mas por força do signo do zodíaco apenas. Então quis ser mais esperto que o diabo, e se vestiu de raposa com as suas provas ardilosas do tríplex, quando mais próprio seria dizê-las provas de tridente. Mas havia um verdadeiro diabo de nome Glenn Greenwald, que o viu por trás de um modo terrível. E veio, e o retirou do pedestal de herói, do caminho do paraíso em que o levavam a ignorância e fascismo brasileiros. E o arrancou das mãos que o levavam para o céu, nestes magníficos versos: 

“Quando Francisco, ao meu final alento, 

Foi minha alma buscar, penalizado, 

Um anjo mau bradou-lhe: - Eia, um momento!

Só se perdoa a quem remorso sente, 

E ser contrito e o mal ir praticando, 

Pela contradição não se consente...”

E completou Moro nos versos de Dante Alighieri, depois das revelações de Glenn Greenwald:

“Por isto aqui me vês, encasulado

Na labareda, pelo vale adusto”

Adusto, para não dizer mais simples: queimado e queimado por todas os seus pecados descobertos. Encasulado como uma borboleta em estágio de larva, e já queimado e ressequido. Enfim e por fim, a notícia de que a revista Veja se associa ao The Intercept é claro sinal que Moro perdeu a esperança. Como nos versos inaugurais de A Divina Comédia 

“A meio caminho desta vida

Achei-me a errar por uma selva escura,

Longe da boa via, então perdida”

Moro na justiça não Mora mais.  Agora, da Divina Comédia ele sai para entrar na mais vulgar tragédia terrena. De um ponto de vista político, Moro se tornou Morto. Da mais baixa astrologia à mais alta literatura, todo o universo, todos os planetas e estrelas lhe gritam: perdeste a esperança, ó voz de nasais. 

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