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Eric Nepomuceno

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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Seria risível se não fosse asqueroso

"É condecorar um inimigo declarado da causa indígena", diz Eric Nepomuceno sobre Jair Bolsonaro, que recebeu a Medalha do Mérito Indigenista

(Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
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Por Eric Nepomuceno, do Jornalistas pela Democracia

Este governo do pior e mais destrutivo presidente da história da República consegue, sabe-se lá como, se superar a cada dia.  

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Menciono sempre que é um governo dividido em dois bandos: um, o das aberrações abjetas, integrado pelos mais perigosos; e outro, o das aberrações patéticas.

Com o único objetivo de atiçar a ala dos seguidores mais fanáticos de Jair Messias, integrada pela mais alta espécie de boçais, um dos integrantes da ala das aberrações patéticas que andava meio em segundo ou terceiro plano resolveu entrar na arena e mostrar todo seu poderio.  

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Conseguiu: numa sequência formidável de boçalidades, brilhou a ponto de ofuscar concorrentes de peso como o sanfoneiro que ocupa o ministério do Turismo ou o garoto-propaganda de travesseiros que ocupa o de Ciência e Tecnologia.

Estou me referindo a um micróbio moral chamado Anderson Torres, delegado da Polícia Federal e atual inquilino da poltrona ministerial da Justiça.

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Quando nos lembramos de cinco – e apenas cinco – antigos ocupantes dessa mesma poltrona nos últimos sessenta anos, a sensação é de pura melancolia. Estou me referindo a Tancredo Neves, Oscar Pedroso Horta, José Gregori, Márcio Thomaz Bastos, José Carlos Dias. De diferentes tendências, que atuaram em diferentes governos, mas como uma característica em comum: alto conhecimento jurídico e integridade moral.

Quais, então, as qualidades do delegado Anderson para ocupar esse mesmo ministério desde março do ano passado?

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Em seu currículo docente, ostenta uma carreira acadêmica raquítica: foi professor da Academia de Polícia Civil de Roraima, da Academia da Polícia Militar de Brasília e da Academia Nacional da Polícia Rodoviária. Como coroa máxima e decisiva deste chamativo currículo, é amigo do presidente e do seu abjeto trio de filhos que atuam na política.  

Uma vez instalado no cargo, deu reforçadas e renovadas mostras de seguir à risca o credo bolsonarista: defendeu anistia ampla, geral e irrestrita aos donos de armas de fogo irregulares, resolveu monitorar movimentos sociais e, claro, foi rigorosamente contra o passaporte da vacina.

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Nada, porém, indicava que ele chegaria aonde chegou. Primeiro, determinou a proibição de um filme dirigido por Danilo Gentili, um suposto humorista conhecido pelas grosserias estúpidas cometidas em seus tempos de bolsonarista exaltado.  

Uma medida ilegal, claro. Mas, enfim, na arte da mais sórdida bajulação vale tudo.

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E aí veio o absurdo sem limites nem antecedentes, até mesmo neste governo: num lance que beira o inimaginável, o delegado bajulador concedeu a Jair Messias e caterva nada menos que a Medalha do Mérito Indigenista, destinada a quem tenha prestado serviços relevantes à causa dos povos originários.  

Na mesma lista estão Braga Netto, Luiz Eduardo Ramos e Augusto Heleno – o trio máximo do reacionarismo saudoso da ditadura –, e aberrações abjetas, e portanto perigosas, como Marcelo Queiroga e Damares Alves. E, claro, o próprio delegado Anderson. Isso mesmo: ele se autocondecorou.

É um imperdoável ultraje a quem recebeu a mesma comenda nos tempos em que este país não tinha sido coberto de lama e estrume. Nomes como Darcy Ribeiro, o cacique Raoni Metuktire e Mário Juruna, o primeiro indígena a ser eleito para a Câmara de Deputados, para ficarmos em apenas três.  

Mas é ainda mais grave. É condecorar um inimigo declarado da causa indígena, um desequilibrado que chegou a criticar a cavalaria brasileira por ter sido incapaz do grande feito alcançado pela dos Estados Unidos: exterminar os povos indígenas. Condecorar quem responde a duas acusações por crimes contra indígenas no Tribunal de Haia. Quem jamais se furtou a dar mostras cristalinas não apenas de sua estupidez, mas de seu ódio e seu desprezo aos povos originários e, principalmente, suas terras.

A iniciativa do delegado Anderson é uma clara incitação ao crime, e assim deve – ou pelo menos deveria – ser encarada por quem de direito. Afinal, vangloriar-se de desrespeitar direitos indígenas e ofendê-los de maneira incessante, estimular a invasão de suas terras, violar sua cultura, é crime ou não é? Quem o condecora comete ou não comete crime de incitação?

Asco, asco, asco.  

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