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Adriana Nalesso

Presidenta da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro - Federa-RJ

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Sindicatos: reinvenção da luta. A distância não nos limita

As campanhas salariais foram imensamente afetadas. Nós, bancários, realizamos uma campanha absolutamente diferente este ano. A pandemia colocou quase 200 mil bancários e bancárias em home office

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Defender direitos e representar as trabalhadoras e os trabalhadores não tem sido uma tarefa simples nos últimos anos, diante da redução dramática dos direitos, somado aos ataques que os sindicatos têm sofrido. A Reforma Trabalhista, sancionada por Michel Temer em 2017, e a chamada minirreforma trabalhista de Jair Bolsonaro, em 2019, foram golpes nos direitos conquistados ao longo de décadas. As alterações na legislação foram realizadas também com objetivo de sufocar as fontes de financiamento das entidades representativas. Nesta tarefa, os dois governos contam com apoio da imprensa que atua de forma sistemática para criar narrativa com objetivo de destruir a credibilidade do movimento sindical. Em 2020, diante da pandemia, esse quadro se tornou ainda mais complexo.

As campanhas salariais foram imensamente afetadas. Nós, bancários, realizamos uma campanha absolutamente diferente este ano. A pandemia colocou quase 200 mil bancários e bancárias em home office. Nossa prática de dialogar “olho no olho” com a categoria foi impactada com o isolamento social. No Rio, apenas na reta final pudemos circular nas agências e fazer atos nas ruas, mesmo assim com restrições. Não foi possível realizar as tradicionais assembleias presenciais com auditório lotado para debate das propostas. Foi necessário reinventar a luta.

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Nossas conversas sobre a pauta de reivindicações foram realizadas virtualmente em lives semanais; as redes sociais se tornaram arena importante para informação e debate com a categoria. Através do Facebook, Instagram e Twitter estabelecemos contato direto, rápido, informando a respeito de cada passo das negociações, inclusive quando as mesas eram encerradas já tarde da noite. Mais do que isso, o uso de hashtags nessas redes foi uma ferramenta fundamental para pressionar os bancos. Entrar nos “assuntos do momento” do twitter era demonstrar força e união durante a campanha. #BancosExploram e #NenhumDireitoAMenos bombaram nas redes, com efeito que pode ser comparado ao de paralisações ou manifestações bem-sucedidas. O envio de mensagens pelo WhatsApp se tornou uma rotina diária e a criação de chat no site, em que as/os bancárias/os podem se comunicar diretamente com os diretores do Sindicato, reforçou a estratégia que adotamos. 

Nosso slogan foi “A distância não nos limita”. E não foi fácil fazer valer essa bandeira. Tivemos que manter a luta em formatos novos para nós, como assembleias virtuais com debates participativos pelo aplicativo Zoom, vídeos com posicionamento sobre as propostas divulgados no Youtube, lives específicas de bancos públicos, múltiplas iniciativas para garantir a participação livre e democrática. A votação da proposta de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho foi realizada online, com acesso livre por 28 horas. Como resultado, a participação de quase 7 mil bancários e bancárias do município.

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Na campanha, não alcançamos todos os nosso objetivos, como aumento real, mas, ao contrário do que queriam inicialmente os banqueiros, conseguimos o principal: renovar a CCT por dois anos com todos os direitos preservados, além de abono de R$ 2 mil e reajuste de R$ 1,5% em 2020 e INPC + 0,5% em 2021.  O Dieese fez as contas e revelou que o impacto não é positivo apenas para a categoria, mas também para a economia. O abono e o reajuste significarão, apenas no município do Rio de Janeiro, impacto de R$ 530 milhões na economia. No Brasil, serão mais R$ 8 bilhões em um ano.

A campanha chegou ao fim, mas temos desafios imensos: estabelecer normas justas para o teletrabalho, preservar empregos e defender os bancos públicos são alguns deles. E mesmo quando o “novo normal” se estabelecer não haverá retorno ao passado em relação à conexão à distância ao contato entre os trabalhadores. Muitos continuarão em teletrabalho, o que interessa aos patrões não só pela economia em infraestrutura que esse modelo representa, mas também porque o fim de espaços comuns de trabalho passa a ser mais um dificultador para a organização sindical. A nós, caberá investir para aproveitar o aprendizado: a conexão virtual tem também papel importante em permitir a participação de quem antes enfrentava limitação para estar presente nos sindicatos. Não é fácil, mas é possível. Se antes, isso era uma suposição, hoje, sabemos que é uma possibilidade real.  Organizar a luta nunca foi tarefa simples. E nós nunca fomos de desistir facilmente. Então, seguimos certos de que, de fato, a distância não nos limita.

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