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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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Só a prisão de Bolsonaro salva o sistema de Justiça

Se não conseguirem conter o inelegível na cadeia, Ministério Público e Judiciário serão humilhados pelo fascismo, escreve o colunista Moisés Mendes

Ex-presidente Jair Bolsonaro no aeroporto de Brasília (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)
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Um ano novo de verdade é o que apresenta grandes novidades também na área das controvérsias. Lá por maio, 2024 poderia iniciar o debate do ano, que ficaria melhor ainda se fosse estendido até dezembro.

Durante todo o 2024 o Brasil debateria não mais se Bolsonaro deve ou não ser preso, mas se deve ser solto. Os jornais convocariam seus especialistas e seus juristas de plantão para saber o que é certo e errado na prisão de Bolsonaro.

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Especialistas sempre a postos, que funcionam como vozes do conservadorismo legalista em quaisquer emergências, diriam se a prisão foi justa, se não estaria se prolongando demais e se poderia radicalizar conflitos políticos. 

O debate começaria no mesmo dia da prisão do inelegível. Folha, Globo e Estadão dedicariam manchetes diárias sobre as incertezas da prisão de Bolsonaro. 

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É permitido imaginar que Bolsonaro não seria finalmente alcançado pela Justiça pelo golpe, nem pela fraude dos cartões de vacinas, tampouco pelo genocídio da pandemia e muito menos pelas muambas das arábias ou pelas rachadinhas ou por lavagem de dinheiro vivo na compra de imóveis.

Bolsonaro seria preso por algo inusitado que ainda não se sabe hoje o que seria e que se apresentaria como uma surpresa jurídica. 

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Porque, se ainda não foi preso pelo golpe, pelo genocídio, pelas muambas e pelos cartões de vacina fraudados, ninguém imagina que possa vir a ser contido por esses motivos.

A Justiça pode nos surpreender, logo no início do ano, com a Fiat Elba de Bolsonaro, uma prova à moda Fernando Collor, encoberta até agora nos inquéritos e processos a que responde. 

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Na primeira ação no TSE, que o tornou inelegível, o sujeito foi pego por ter usado as estruturas do governo, mas não para anunciar o golpe, mas para – precisamos relembrar – fazer campanha. A causa da condenação foi o singelo abuso de poder político.

Bolsonaro continua vivo porque é o caso exemplar de reprodução na política do enigma do ovo e da galinha. Está forte por não ter sido ainda alcançado pelo sistema de Justiça, ou o sistema de Justiça não o alcança porque ele continua forte?

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Mas nos acalma imaginar que, na primeira metade do ano, o Brasil poderá estar ocupado com interrogações sobre a prisão de Bolsonaro. Não como distopia, mas como realidade.

Porque é impossível acreditar que em 2024 Bolsonaro continuará solto, falante e impune. Não é razoável crer que Bolsonaro continuará atacando o Supremo e liderando a direita na campanha eleitoral com a mesma retórica que o manteve por quatro anos no governo.

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É constrangedor vislumbrar que os cúmplices de Bolsonaro, fardados e civis, incluídos no relatório da CPI do Golpe, estarão nas manchetes com especulações da grande imprensa sobre participação nas eleições municipais.

É destruidor supor que os grandes financiadores do golpe continuarão inalcançáveis, enquanto pequenos patrocinadores de banheiros químicos, bandeiras e lanches dos acampamentos estarão iniciando o cumprimento de penas de até 17 anos de cadeia.

Se o sistema de Justiça não enquadrar Bolsonaro e a elite do núcleo do golpe tabajara, e se as eleições municipais fortalecerem a extrema direita de novo, a primeira vítima será o próprio sistema de Justiça.

Não há mágica política que possa salvar a democracia e o sistema de Justiça se Bolsonaro não virar presidiário em 2024.

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