CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Moisés Mendes avatar

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

757 artigos

blog

Só há uma saída para Sérgio Moro

"A coisa certa é desfazer a sociedade e afastar-se de quaisquer empresas e atividades que envolvam as carcaças das empreiteiras destruídas pela Lava-Jato", diz Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia, após Sérgio Moro ser contratado pela consultoria Alvarez & Marsal (EUA). "Parece evidente que Moro será uma grife arregimentadora de clientes", afirma

Ex-ministro Sérgio Moro (Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

É complicada a situação de Sergio Moro. Nos próximos dias o consultor poderá acrescentar mais um ex diante do nome. Será ex-juiz, ex-aliado de Bolsonaro, ex-ministro da Justiça, ex-futuro ministro do Supremo, ex-candidato a candidato a presidente da República e ex-sócio de uma corporação americana que tenta salvar os restos de empresas que ele ajudou a quebrar.

Moro não vai resistir a questionamentos sérios e à desconfiança dos próprios clientes da consultoria. O ex-juiz diz que assumiu a missão de ensinar as organizações a fazerem a coisa certa. Mas o que é certo para quem faz o que ele vem fazendo?

Como sócio da Alvarez & Marsal, Moro passa a ser uma figura clássica do mundo empresarial, o cara que o boy, o porteiro e a faxineira sabem de onde veio e que não precisa fazer muita coisa para provar nada a ninguém.

Todos sabem qual é a grande tarefa de figuras como Sergio Moro dentro de empresas com esse perfil. Moro vai flutuar nas zonas sombrias das atividades corporativas.

O ex-juiz seria, até anos atrás, no ambiente presencial das empresas pré-pandemia, o sujeito que provocava murmúrios quando passava no corredor. Lá vai ele de novo, com sua pasta de cromo alemão, levando nada a lugar algum.

Parece evidente que Moro será uma grife arregimentadora de clientes. Deve participar de eventos, de conversas, de aulas, mas não é o que importa para o comando da Alvarez & Marsal.

Na entrevista que deu ao Estadão, ele repete o que não vai fazer (advocacia, por exemplo), mas não se sabe direito o que de fato fará. O que a empresa faz é compliance, um termo manjado para vender a ideia de que as empresas agora fazem a coisa certa.

É vago. A coisa certa é o bordão de Moro, o que não esclarece muita coisa. Moro será a estrela de conferencistas de autoajuda, para dizer que as empresas não devem ser desleais com a concorrência, nem roubar, sonegar, ludibriar clientes e o setor público ou contrabandear?

A A&M diz que Moro vai atuar na área de Disputas e Investigações, com foco em políticas antifraude e corrupção, governanças de integridade e conformidade a normas e leis.

Moro fará coaching, eventualmente, para que saibam que ele mete a mão na massa. Mas não dá para imaginar que o ex-juiz receberá R$ 1,7 milhão por ano para ser apenas isso.

É muito dinheiro para um risco incalculável. Pelo massacre que vem sofrendo, se insistir em continuar como sócio da consultoria, Moro estará contribuindo para um ataque incessante não só a ele, mas à imagem da magistratura.

Não adianta dizer que agora o consultor é um ex-juiz. O que se considera nesses julgamentos é a sua condição de magistrado famoso que abandonou o Judiciário e se tornou indiferente a interrogações sobre escrúpulos e questões éticas elementares, antes de qualquer outra abordagem legal.

Joaquim Barbosa deixou o Supremo sob bombardeio de parte da esquerda ressentida com a sua atuação no processo do mensalão. E foi só isso e já passou. Alguns tentaram, mas nunca conseguiram atacar a reputação de Barbosa.

Moro deve pelo menos inquietar-se com o que dizem dele hoje. Seria a hora de fazer a coisa certa, depois da sequência desastrosa de atitudes tomadas desde que deixou a magistratura.

A coisa certa é desfazer a sociedade e afastar-se de quaisquer empresas e atividades que envolvam as carcaças das empreiteiras destruídas pela Lava-Jato.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO