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    Eduardo Costa Pinto

    Professor do Instituto de Economia da UFRJ e Pesquisador do INEEP/FUP

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    Sobre a coluna de Celso Barros: a FIESP é facista?

    A FIESP é antes de tudo capitalista, caro Celso Rocha de Barros. O objetivo central dos empresários, numa economia capitalistas, é obter a maior taxa de lucro e os industriais paulistas não fogem a essa regra

    (Foto: Divulgação)

    A FIESP é antes de tudo capitalista, caro Celso Rocha de Barros.

    O objetivo central dos empresários, numa economia capitalistas, é obter a maior taxa de lucro e os industriais paulistas não fogem a essa regra. Os valores éticos e morais sempre ficam num segundo plano se estes atrapalham a acumulação de capital.

    Não por acaso a FIESP e a CNI apoiaram o governo Temer, com todas suas acusações de corrupção, e agora apoiam o governo Bolsonaro-Guedes, com suas posições políticas e morais antidemocráticas. Se os capitalistas estiverem enchendo o bolso de dinheiro com as medidas governamentais irão apoiar qualquer um, mesmo que este não saiba comer com os talheres. É o que está acontecendo recentemente. Desde 2018, ainda no governo Temer, a massa e a taxa de lucros das 920 maiores empresas não financeiras estão aumentando de forma expressiva (figuras em anexo). Tendência que está acontecendo também ao longo de 2019.

    Esse aumento generalizado da massa e da taxa de lucro, mesmo com o baixo crescimento do PIB em 2018, pode ser explicado por três fatores:

    1) Redução dos custos trabalhistas (encargos e salários) em virtude da reforma trabalhista e do baixo crescimento que reduziu o poder de barganha dos trabalhadores;

    2) recuperação dos preços das commodities, a partir de 2016, que impacta positivamente nas receitas das industriais intensivas em commodities (petróleo, siderurgia, papel e celulose, etc.);

    3) crescimento das vendas das maiores empresas acima do crescimento dos seus respectivos mercados, gerando aumento do seu market share em relação às pequenas e médias empresas. Está ocorrendo um processo de centralização e concentração de capital, sobretudo nos segmentos do varejo, do comércio e dos serviços. Ou seja, as grandes empresas estão engolindo as pequenas e médias (o debate sobre os dados das vendas dos diversos sindicados das lojas dos shoppings no final do ano em certa medida expressam a bonança das grandes e a tragédia das pequenas.

    Nessa situação, o Skaf e os outros representantes dos sindicatos patronais estão sim representando os interesses dos capitalistas. É evidente que nessa situação representando apenas os grandes empresários. Ou seja, a FIESP pode até ser substantivada, mas antes de qualquer coisa ela defende os interesses capitalistas de seus integrantes. E os governos Temer e Bolsonaro-Guedes têm entregado resultados positivos para os grandes empresários mesmo que em detrimento dos salários e empregos da grande maioria da população e do estrangulamento dos pequenos e médios empresários.

    O "barbudo" já nos ensinou há muito tempo que, numa economia capitalista, os empresários são movidos pela constante busca pela acumulação de capital. Ética e moralismo sempre ficaram em segundo plano, ainda mais nos setores dominantes brasileiro (incluindo aí a indústria paulista e sua verve supostamente cosmopolita) que nunca incorporaram o povo, sempre oscilando entre pendões cosmopolitas e escravocratas. Sendo, este último, o seu DNA constitutivo!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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