Sobre a Margem Equatorial
Os impactos positivos sobre a economia regional e a qualidade de vida da população amazônica também são inegáveis
É inegável a urgência de uma transição energética que privilegie fontes limpas. Precisamos deixar no passado um sistema baseado na queima de combustíveis fósseis. A Madre Tierra clama por isso todos os dias. Os ursos polares e os pinguins nos enviam alertas cotidianos. Os incêndios, as enchentes e o avanço dos oceanos sobre as costas são reflexos visíveis dessa necessidade.
Contudo, há uma condição objetiva que não se pode ignorar: o mundo precisa continuar funcionando, e a vida precisa seguir sendo garantida. Para isso, precisamos de energia. E, infelizmente, os combustíveis não renováveis - mais poluentes - continuam sendo parte essencial dessa engrenagem. Isso ocorre porque grande parte dos equipamentos que sustentam a vida moderna ainda depende desse tipo de combustível.
Com a estabilização do crescimento populacional, prevista para o fim deste século, e a produção acelerada de tecnologias que utilizam fontes limpas - como os veículos elétricos -, criaremos as condições concretas para acelerar a transição energética de que tanto necessitamos. Assim poderemos construir, também no campo da energia, o outro mundo possível que todos nós desejamos.
É nesse contexto que se insere o debate sobre a pesquisa e eventual exploração de petróleo na Margem Equatorial, na foz do Rio Amazonas. É inegável que uma operação dessa natureza carrega riscos importantes para o bioma amazônico. A possibilidade de acidentes ambientais é real - e por isso o debate sobre a autorização do Ibama levou tantos anos para amadurecer. O tema é, sem dúvida, delicado.
Mas é justamente por essa delicadeza que considero fundamental que a Petrobras, uma empresa pública e nacional, esteja à frente dessa tarefa. Não podemos esquecer que, nas mesmas águas, o petróleo já é explorado por países vizinhos - a Guiana, em plena produção comercial, e o Suriname, em fase inicial de extração -, ambos atuando na mesma camada geológica em que a Petrobras iniciará seus estudos.
Os impactos positivos sobre a economia regional e a qualidade de vida da população amazônica também são inegáveis. Os investimentos decorrentes desse processo - somados àqueles destinados à proteção ambiental, à segurança das operações e ao cuidado com as comunidades locais - têm o potencial de elevar o desenvolvimento dos estados do Norte a um novo patamar.
E, sem qualquer pitada de cinismo, é preciso reconhecer: até para consolidarmos a transição energética, essa operação pode dar sua contribuição.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




