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Alceu Castilho

Jornalista, Alceu Castilho publica artigos no site Outras Palavras

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Sobre a matemática peculiar da Polícia Militar de SP

Quantas pessoas derrubaram o Muro de Berlim? 3 mil. Quantas fizeram a Revolução Francesa? 3 mil. Quantos policiais atuam no Estado de São Paulo? 3 mil

Do blog Outras Palavras

Acima e abaixo, as 3 mil pessoas nas manifestações de ontem contra o golpe e pela democracia, conforme os cálculos da Polícia Militar de São Paulo:

3mil


Abaixo, as 3 mil pessoas em ato pelas Diretas Já, em 1984:

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Aqui, 3 mil pessoas no show do David Gilmour, em São Paulo, no sábado:

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Nem menos nem mais que as 3 mil pessoas em Paris, em janeiro, após os atentados ao Charlie Hebdo:

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Em Woodstock, em 1969 (ano em que se extinguia a Guarda Civil do Estado de São Paulo, abrindo espaço para sua fusão com a Força Pública e a criação da PM), incríveis 3 mil pessoas se reuniram em torno de rock, paz e amor:

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Somadas, portanto, essas cinco concentrações gigantescas reuniram 3 mil pessoas.

O quê? A soma não é essa?

O quê? Em cada uma dessas fotos havia bem mais que 3 mil pessoas?

Mas é claro. Estamos aqui a falar da matemática muito específica da Polícia Militar de São Paulo. Multidão na Plaza de Mayo, em Buenos Aires? 3 mil. Coliseu lotado, na Roma Antiga? 3 mil. Jovens derrubando o Muro de Berilm? 3 mil. Sempre, 3 mil, para não ter erro. O número máximo.

(A propósito: como a PM será lembrada no ano 3.000?)

Que nem determinada cultura que só saiba contar até dez – por não precisar de números maiores – e que defina qualquer quantidade maior que essa como “dez”. Quantas árvores na Amazônia? “Dez”. Quantos peixes do Rio Doce mortos pela Samarco? “Dez”. Quantas balas de borracha gastas nas manifestações de 2013? “Três mil”.

Quantas vítimas de violência policial no Estado de São Paulo, em 2015? “Dez”.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.