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Éden Valadares

Chefe-de-gabinete do senador Jaques Wagner (PT-BA), com quem trabalhou nos ministérios da Defesa, Casa Civil e Gabinete Pessoal da Presidenta Dilma Rousseff

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Sobre a política do ódio e as saídas para o Brasil

A busca de saídas para a atual crise política não passa pelo caminho estéril do ódio, mas sim pela estrada da mediação, com respeito às regras democráticas. Democracia dá trabalho, demanda tempo e muita disposição

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"Delenda est Carthago". Conta-nos a História que essa frase era repetida por Catão, o Velho, ao fim de cada discurso no Senado. Roma já havia derrotado Cartago por duas vezes, mas a cidade rival perseverava em se reerguer, reconstruindo suas defesas e se posicionando novamente para a guerra com rapidez impressionante. Insistia o senador:

- Cartago deve ser destruída! 

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A expressão latina se perpetuou no vocabulário político e militar do Ocidente e é sinônimo de aniquilação dos inimigos, de rejeição a qualquer tratado de paz, de eliminação de toda e qualquer ameaça. É a versão clássica do contemporâneo Impeachment Já!, ou do Fora Dilma e leve o PT junto!.

Exagero? Creio que não. Infelizmente.

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Quando dirigentes, militantes e até mesmo as sedes do PT, PCdoB, da UNE e da CUT são atacadas, o que diz a mensagem política? “Eles devem ser destruídos!” Quando um deputado tucano pede a cassação do registro do PT ou quando nas redes sociais o argumento mais presente é o Vai pra Cuba, o que temos? “Eles devem ser destruídos!”

De maneira infeliz – e bastante irresponsável – uma parcela da oposição partidária, da grande mídia e até de setores do Judiciário lançaram mão da estratégia de Catão, sem deixar brecha para a menor possibilidade de negociação, pacto ou acordo. É a política do ódio, da intolerância, da terra arrasada.

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Deste comportamento coisa boa nunca nascerá. A intolerância produz somente raiva; a raiva interrompe o diálogo; a falta de diálogo leva ao confronto; o confronto resulta em violência; e a violência, amigos, é terreno infértil, é o revés da política, da lei, da democracia.

A busca de saídas para a atual crise política não passa pelo caminho estéril do ódio, mas sim pela estrada da mediação, com respeito às regras democráticas. Democracia dá trabalho, demanda tempo e muita disposição. É por vezes mais longa por não suportar atalhos, mas é certamente o maior patrimônio político que o povo brasileiro construiu e deve ser valorizada como tal.

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Assim, reconhecer a legalidade do mandato da Presidenta Dilma é ponto de partida fundamental. Validar a riqueza do processo democrático que resultou na sua eleição e valorizar os 54 milhões de votos conferidos a ela nas urnas, é base elementar para a construção de alternativas à crise. Sem isso, qualquer opção carece de legitimidade.

Foi essa convicção que levou intelectuais, artistas, professores, juristas, profissionais liberais, jovens e trabalhadores de todo o Brasil às ruas e às redes. Dizer não à violência institucional representada pelo impeachment sem crime, pelo impedimento de quem nada cometeu, pelo golpe no mandato legítimo da Presidenta, foi o que mobilizou uma expressiva parcela da sociedade brasileira nas últimas semanas.

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É preciso pensar novas resoluções? Sim. É imprescindível buscar respostas criativas? Certamente. É necessário reconhecer que nesta concertação todos os lados terão que ceder? Absolutamente. Mas tudo isso deve ser feito dentro das regras do jogo, sem flertar com o rompimento da institucionalidade democrática, sem ser arrastado para as soluções de ocasião.

Estou certo, cada vez mais certo, que a  política do ódio fracassará. O campo democrático vencerá o resquício autoritário. A luz do respeito e da tolerância derrotará o que restou de obscurantismo. E prevalecerão aqueles e aquelas que lutam pela justiça, pela liberdade e pela democracia no Brasil.

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