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Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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Sobre caminhos e caminhadas

Descobri que meninos de 17 ou 18 anos, com sua pregação cheia de ódio, ignorância intolerância e rancor, arvoram-se, com a cumplicidade ignóbil da grande mídia, a querer mudar a pauta da justiça social com democracia

Woman walking cross country and trail in spring forest (Foto: Lula Miranda)
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Com uma (in)certa dose de humildade e destemor, sempre buscando o equilíbrio possível, frente a tantas mentiras, hipocrisias e esparrelas - mas também em meio a gozos, embriaguezes e alegrias - percorri longo caminho.

Veja bem - quem diria?! - já dobrei o cabo da Boa Esperança: tenho, hoje, 50 anos!

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A esperança, portanto, em tese, já teria ficado para trás – e não para a frente. Mas apenas em tese. Pois isso não passa do desejo de alguns: de que percamos a esperança e nos afoguemos no medo, que paralisa. Fruto maldito da chibata da arrogância e da intolerância que deseja, novamente, nos subjugar.

Nessa minha já longa caminhada, vi meus companheiros (muito mais do que eu até) realizarem muitos atos nobres, muitas obras.

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Vi meus companheiros lutarem contra a ditadura, para que fosse restabelecida a ordem democrática neste país.

Muitos foram presos. Outros tantos, torturados, cruel e impiedosamente. Outros, “desaparecidos”, que é, você bem sabe, um eufemismo que as elites hipócritas deste país inventaram para ASSASSINADOS, MORTOS. Se você tem um irmão, pai ou mãe, ou mesmo um parente distante, nesta “categoria”, sabe bem do que estou falando.

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Vi meus companheiros clamarem pelas “Diretas Já!”!

Vi meus companheiros, de ideias e ideais - essas as nossas "armas" - construírem um novo sindicalismo.

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Meninos, eu estava lá.

Vi meus companheiros organizarem a luta dos movimentos sociais: os sem terra, os sem-teto, os catadores de materiais recicláveis, os gays, as lésbicas e os transexuais. Todos estes antes discriminados e abandonados por essa nanica elite conservadora que ora se alevanta e, pretensamente, se agiganta.

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Vi meus companheiros realizarem diversas edições do Fórum Social Mundial.

Meninos, eu vi; eu estava lá.

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Agora eu vejo, entre a incredulidade e o desalento, os bichos escrotos, que antes se escondiam no subterrâneo dos esgotos ou que rastejavam na sombra das sarjetas, virem à luz do dia, gritar suas infâmias e expor, com inacreditável despudor, as suas vergonhas.

Descobri que o bem, por si só, por ser "o bem", não é o bastante para sobrepujar o mal.

Que a poesia sobrepuje a mediocridade! Bradava em meus tempos de juventude e ouso repetir, agora em tom de súplica...

Que a poesia sobrepuje a mediocridade.

Mas...

Descobri que as bestas-feras e as bestas quadradas, ao que parece, multiplicam-se silentes e em maior número, como pragas, pestilentas; tal qual ratazanas.

Descobri que meninos de 17 ou 18 anos, com sua pregação cheia de ódio, ignorância intolerância e rancor, arvoram-se, com a cumplicidade ignóbil da grande mídia, a querer mudar a pauta da justiça social com democracia, que tanto nos custou colocar na ordem do dia.

Meninos inconsequentes, que, certamente, nunca leram as obras dos grandes pensadores e autores da literatura universal; que nunca se emocionaram com a 9ª Sinfonia de Beethoven; que nunca se embeveceram ao ver Jorge Donn dançar o Bolero de Ravel; que não gostam de poesia; que nunca tiveram a dor de não velar e enterrar um ente querido “desaparecido”. Gente que nunca tomou uma cassetetada na boca, que lhes partisse todos os dentes; gente que nunca passou pela dor de perder um grande amor.

Enfim, gente que não sabe o que é a vida.

Simplesmente porque ainda não viveu.

São esses meninos que agora se arvoram arautos de uma nova era, de um novo Brasil.

Que me perdoem os ingênuos e os voluntariosos, mas ao lado dessa gente eu não caminho.

Esse não é o meu caminho.

Esses não são os meus companheiros.

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