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Camilo Vannuchi

Jornalista, escritor, mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela USP, membro da Comissão Municipal da Verdade da Prefeitura de São Paulo

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Sobre CPMF, Big Mac, crise econômica e justiça social

"A CPMF cobra 0,2% sobre o valor movimentado pelo sistema financeiro. Quem recebe R$ 10 mil por mês vai pagar R$ 20 de imposto. Quem recebe R$ 5 mil pagará R$ 10. Os mais pobres, que trabalham no mercado informal ou ganham ordenado em dinheiro, excluídos do maravilhoso mundo das contas correntes e das contas poupanças, não serão tarifados", diz o colunista Camilo Vannuchi, que fez as contas e constatou que a CPMF lhe custaria um lanche número 1 do McDonald's por mês; "Honestamente, eu prefiro os ministérios. Prefiro preservar os investimentos em infraestrutura e em programas sociais. Prefiro manter o Fies, o PAC 3 e o Minha Casa Minha Vida. Prefiro sair da crise o quanto antes. Podem descontar meu lanche do McDonald's"

Poulet Fruchspiesse (Foto: Camilo Vannuchi)
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Esse foi o lanche que acabei de comer no McDonald's. Um número 1 e um sorvete. Não sei quantos dos meus amigos frequentam o Mc Donald's nem quantos o consideram braço ideológico do imperialismo americano. Nem pretendo abordar aqui a artificialidade do produto nem a contagem de calorias. Meu tema é outro.

Este lanche custou R$ 29,00. É mais do que eu pagarei por mês de CPMF caso o tributo federal seja criado. 

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A CPMF cobra 0,2% sobre o valor movimentado pelo sistema financeiro. Quem recebe R$ 10 mil por mês vai pagar R$ 20 de imposto. Quem recebe R$ 5 mil pagará R$ 10. Os mais pobres, que trabalham no mercado informal ou ganham ordenado em dinheiro, excluídos do maravilhoso mundo das contas correntes e das contas poupanças, não serão tarifados. Não diretamente. Por outro lado, quem movimenta R$ 100 mil por mês deverá contribuir com R$ 200. Quem movimentar R$ 1 milhão pagará R$ 2 mil.

Esse imposto também desempenha um importante papel fiscalizador. Sua cobrança é compulsória, automática, a cada cheque descontado, a cada transação efetuada no cartão de crédito ou de débito. Um empresário ou funcionário autônomo tem diversas maneiras de declarar ao Fisco rendimentos menores do que teve no mês.

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Mas não na CPMF. O imposto dedo-duro é capaz de mostrar para a receita quando um contribuinte movimentou R$ 20 mil e declarou apenas R$ 10 mil. Ao longo de um ano, é possível acionar o sinal de alerta quando houver suspeita de fraude ou evasão, quando as transações bancárias se mostrarem incompatíveis com a renda declarada. Também por isso a CPMF enerva determinados setores da sociedade, marcadamente os mais abastados.

Voltando ao lanche do McDonald's, tenho visto algumas pessoas revoltadas com a hipótese de desembolsar R$ 15 ou R$ 20 por mês, mesmo sabendo que essa contribuição é o bastante para tirar o país da crise. Mesmo sabendo que é provisório. Mesmo sabendo da complexidade do momento que estamos vivendo. Eles preferem corte de ministérios. Preferem que o Brasil tenha dez ministérios a menos. O país deixará de ter uma Secretaria de Políticas para Mulheres, uma Secretaria da Igualdade Racial, um Ministério dos Direitos Humanos, um

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Ministério de Assuntos Estratégicos e um Ministério do Desenvolvimento Agrário, entre outros. Porque um imposto de 0,2% para salvar o Brasil é tratado como algo exorbitante, vil, vergonhoso. 

Honestamente, eu prefiro os ministérios. Prefiro preservar os investimentos em infraestrutura e em programas sociais. Prefiro manter o Fies, o PAC 3 e o Minha Casa Minha Vida. Prefiro sair da crise o quanto antes. Podem descontar meu lanche do McDonald's.

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