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      Bia Willcox

      Empresária que escreve sobre relações de afeto, editora que fez Direito na UERJ, professora que dá palestras, mãe que produz conteúdos

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      Sobre crueldade, internet, Nietzsche e outros filósofos

      Xingar Taís Araújo, como fizeram, revela mais do que só pessoas racistas e idiotizadas, revela o lado mais baixo do ser humano - um cérebro diferenciado (será mesmo?) a serviço do que de pior podemos ser como Humanidade - seres sem empatia. Seres ruins

      Xingar Taís Araújo, como fizeram, revela mais do que só pessoas racistas e idiotizadas, revela o lado mais baixo do ser humano - um cérebro diferenciado (será mesmo?) a serviço do que de pior podemos ser como Humanidade - seres sem empatia. Seres ruins (Foto: Bia Willcox)

      Para Nietzche, o Homem é o mais cruel de todos os animais. Custei a perceber que ele estava certo. E o mais triste: aparentemente o Homem pensa, tem capacidade para dominar os instintos e seguir certas normas de conduta, diferentemente de outros animais que são cruéis por instinto. Ou será tudo até aqui uma grande ilusão e não passamos de gatos que miam, porcos que grunhem ou mesmo os inteligentes golfinhos que emitem sons que nós, bichos Homens, não escutamos? Será a crueldade dos bichos arquitetada pela racionalidade deles ou seremos nós tão instintivos e irracionais quanto eles?

      Não acho que ninguém seja capaz de afirmar algo com 100% de certeza, principalmente depois da crueldade crescente que vemos na internet.

      Os xingamentos desnecessários, despropositais e cruéis que a linda atriz Taís Araújo recebeu em seu Facebook há poucos dias me alertaram para um fato que já vem intrigando pensadores e escritores há algum tempo: a empatia que tende a desaparecer, em especial nas redes sociais. Os comentários à foto da Taís em seu perfil revelam muito mais do que só racismo - revelam perversidade, crueldade e total e absoluta falta de empatia.

      Aquele regrinha básica de ouro de Kant que resumidamente diz pra não fazer com o outro o que você não gostaria que fizessem com você foi esquecida, abolida ou sequer aprendida.

      Xingar a Taís Araújo como fizeram revela mais do que só pessoas racistas e idiotizadas, revela o lado mais baixo do ser humano - um cérebro diferenciado (será mesmo?) a serviço do que de pior podemos ser como Humanidade - seres sem empatia. Seres ruins.

      Eu venho falando há algum tempo nos espaços onde escrevo: quem escreve de forma radical, grosseira e preconceituosa é covarde (quero ver falar ao vivo e no meio de toda essa gente do Facebook em carne e osso!) e ao mesmo tempo destemido (kamikaze sem medo da lei e sua punitividade). Sobretudo, são seres sem educação, sem senso de coletividade, sem compaixão. Animais selvagens e truculentos.

      Podemos falar aqui de uma Educação para o novo Milênio das redes sociais e da exposição íntima, podemos falar de campanhas contra o bullying também, mas devemos, nua e cruamente, falar do que pode ser feito no curtíssimo prazo.

      Se fomos capazes de trancafiar animais selvagens em zoológicos, castrar bichinhos saudáveis e domesticar tantos outros, tratemos de domesticar e punir a nossa própria espécie.

      Assim como batemos com jornal no focinho do cachorro ou selamos cavalos, devemos reduzir o espaço dos nossos bichos cruéis, tirá-los do convívio por um tempo, puni-los e aplicar-lhes a regra de ouro às avessas - Se você não imaginou o que o outro sentiria com o que você fez, sinta agora o que ele está sentindo (duvido que chegue perto do sofrimento de suas vítimas). Pareço radical, e me desculpo por isso, mas sempre acreditei que a sociedade precisa de autoridade, como bem defendia o filósofo inglês Hobbes. É preciso deter o ódio irracional e a falta de limites mínimos morais e éticos através de lei e punição. Caso contrário, a internet, de invenção brilhante passa a ser o maior desastre da Humanidade.

      Além do mais, meu cachorro aprendeu a não fazer pipi no chão batendo-lhe com o jornal, o que me faz crer que os bullys da Taís Araújo podem um dia aprender, se forem devidamente domesticados e treinados, a serem gente. Quem sabe?

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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