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Washington Luiz de Araújo

Jornalista

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Sobre Mefistos da era Hitler e jornalistas da era Bolsonaro

Noblat, se você não leu ou não assistiu “Mephisto”, faça-o e, como disse um amigo também jornalista, me tire deste “nós”. No livro e no filme, Noblat, estão todas as respostas às suas perguntas

Noblat e Lula (Foto: Reprodução/Youtube | Reprodução/Facebook)
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“Vejo meu ex-cunhado como o traidor por excelência, a encarnação macabra da corrupção e do cinismo. Meu fascínio com sua glória vergonhosa era tão intenso que decidi retratar Mefisto-Gründgens em um romance satírico. Achei oportuno e, mais do que isso, necessário, expor e analisar o tipo abjeto do intelectual traiçoeiro que prostitui seu talento por causa de uma fama vulgar e fortuna transitória. Gustav era apenas um dentre vários – tanto na realidade quanto na composição da minha narrativa. Ele serviu como um ponto focal em torno do qual eu podia fazer gravitar a patética e repulsiva multidão de patifes e oportunistas mesquinhos.”                                                      

(Klaus Mann, autor de “Mephisto”, livro no qual retrata a vida de traidor, de sabujo de Hitler, do ator, seu ex-cunhado Gustaf Grundgens, que na obra ganha o nome de Hendrik Höfgen. Em 1981, o livro foi adaptado para o cinema, filme como o mesmo título dirigido pelo húngaro István Szavbó)

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O longo preâmbulo é para dizer que lembro da história acima toda vez que leio um(a) jornalista tentando se absolver por ter apoiado o golpe contra Dilma, ter fechado os olhos cúmplices à prisão de Luiz Inácio Lula da Silva e colaborar, consequentemente, para a eleição de Jair Bolsonaro.

Gustaf Grundgens, tão bem retratado por Klaus Mann, revive na pele de muitos daqueles que se acobertam em suas profissões para trair uma causa, para mentir.

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O jornalista Ricardo Noblat publicou recentemente no twitter: “Por que nós, jornalistas, acreditamos facilmente nas informações da Lava Jato? E agora, só com muita dificuldade, que ela também errou feio?”.

Noblat, se você não leu ou não assistiu “Mephisto”, faça-o e, como disse um amigo também jornalista, me tire deste “nós”. No livro e no filme, Noblat, estão  todas as respostas às suas perguntas.

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No final do filme de István Szavbó, encurralado em razão de sua canalhice, Hendrik Höfgen (Gustaf Gründgens) declara, cinicamente: “O que as pessoas querem de mim? Por que me perseguem? Por que são tão duras comigo? Afinal, sou apenas um ator!”

Pois bem, jornalistas que mentiram, que falsearam manchetes, que editaram de forma a enganar o público, que omitiram, que empostaram as vozes para enaltecer o que Noblat se referiu como “acreditar facilmente na Lava Jato”, bem como acreditaram, “facilmente” nos motivos para o impeachment de Dilma, podem se manifestar como Höfgen (Gründgens) e afirmarem: “O que as pessoas querem de mim? Por que me perseguem? Por que são tão duras comigo? Afinal, sou apenas um(a) jornalista!”

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E fiquemos com as palavras de Klaus Mann sobre o ator: “Gustav era apenas um dentre vários – tanto na realidade quanto na composição da minha narrativa. Ele serviu como um ponto focal em torno do qual eu podia fazer gravitar a patética e repulsiva multidão de patifes e oportunistas mesquinhos”

E quantos destes nós conhecemos nestes tempos sombrios em que vivemos… Não é mesmo?

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