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Oliveiros Marques

Sociólogo pela Universidade de Brasília, onde também cursou disciplinas do mestrado em Sociologia Política. Atuou por 18 anos como assessor junto ao Congresso Nacional. Publicitário e associado ao Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político (CAMP), realizou dezenas de campanhas no Brasil para prefeituras, governos estaduais, Senado e casas legislativas

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Sobre o tal destino manifesto

A origem dessa doutrina está diretamente ligada ao genocídio

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump - 09/04/2025 (Foto: REUTERS/Nathan Howard)

Em seu discurso de posse, Donald Trump citou a chamada doutrina do Destino Manifesto americano, dizendo que fincaria as estrelas e listras da bandeira dos Estados Unidos em Marte. Mas o que é essa doutrina, que tanto influencia as políticas interna e externa dos EUA?

Traduzida em uma pintura de John Gast, de 1872, chamada Progresso Americano, essa doutrina “anuncia uma complexa e racista elaboração religiosa cristã como justificativa para a decisão tomada pelos Estados Unidos de expandir sua presença no planeta a partir da colonização de outras localidades”, nas palavras de Castiel Vitorino Brasileiro, em sua obra Quando o sol aqui não mais brilhar: a falência da negritude. Nela, Castiel utiliza a doutrina e a pintura para abordar “fatos históricos que comunicam o esquecimento/aniquilação como pilar para a perpetuação de determinadas ontologias da brancura europeia”. Uma leitura densa, mas profundamente instigante.

A origem dessa doutrina está diretamente ligada ao genocídio dos povos indígenas, praticado pelos brancos norte-americanos durante sua expansão em direção ao oeste, rumo ao Pacífico. Uma tentativa hipócrita de justificar toda a violência que cometeram, assim como fizeram os bandeirantes paulistas aqui no Brasil.

Sabendo que não há qualquer noção de moral nas motivações de Trump, cabe ao mundo — e, insisto, aos seus líderes — dizer um basta a essa tentativa de avanço sobre as economias, os territórios e as vidas de outras nações, que incluem possíveis novos genocídios, como ficou evidente em sua proposta para a Faixa de Gaza.

Não nos é permitido, enquanto humanidade, naturalizar esses movimentos do trumpismo e de sua horda. É o mundo contra ele. Seus aliados são poucos neste momento. O Tio Sam nunca esteve tão fragilizado.

É preciso resistir por meio do debate, adjetivando as medidas de Trump de forma clara e objetiva. Rechaçá-las com contramedidas econômicas, como vem fazendo o governo chinês. Reagir com cidadania, deixando de consumir produtos e serviços de suas empresas.

As fissuras dentro do seu próprio campo já começaram a aparecer. Sabe-se que essa gente se move por interesses próprios, nunca coletivos. Mas cabe a nós, que acreditamos em um mundo a ser construído com base na igualdade de oportunidades, aproveitar o momento e reforçar, dentro dos limites de cada um, o enfrentamento ao aprendiz de imperador.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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