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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Sobrenomes de lista pró-golpe de 1964 pedem eleições limpas

"Todo o cenário econômico destrambelhado já seria preocupação suficiente – ainda mais com o ministro que temos -, não fosse a postura autoritária, golpista, de 'maestro da arruaça', adotada por Bolsonaro", escreve a jornalista Denise Assis

(Foto: STF | Reuters | Agência Senado)
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

O momento é grave. Não há como negar. Caminhamos a passou largos para os 600 mil mortos na pandemia, com os especialistas nos prevenindo sobre a sofreguidão da variante Delta, que já assombra a Europa e os Estados Unidos. O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, em visita recente a Bolsonaro quis alertá-lo, mas recolheu os conselhos, constatando que estava diante de um negacionista irredutível, conforme contou a um canal de TV português.

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São inúmeros os problemas sociais. O principal deles – para o qual não há solução imediata , o desemprego. Batemos na casa dos 15 milhões dos que procuram e não acham. Somados aos que se cansaram de gastar sola de sapato e passagens, numa procura inútil,  chega-se à casa dos 21 milhões.  

A inflação de 8,4% até junho, elevou a taxa de juros em um ponto e o prognóstico é de que no final do ano vá bater em 7%.  

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Todo este cenário econômico destrambelhado já seria preocupação suficiente – ainda mais com o ministro que temos -, não fosse a postura autoritária, golpista, de “maestro da arruaça”, adotada por Bolsonaro. Seu comportamento levou o ministro do Supremo tribunal Federal, Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, a acolher notícia-crime encaminhada pelo presidente do TSE, Luiz Roberto Barroso, e determinar investigações imediatas sobre a sua conduta.  

Com a máquina na mão e o Centrão no trono, Bolsonaro avança agora sobre a legislação eleitoral, que muito bem atendia à freguesia, mas agora é alvo de arroubos autoritários e projetos às fornadas, numa tentativa de driblar a ação das instituições – que parecem, finalmente, ter pegado no tranco. A última, além de todos os absurdos do projeto encaminhado à Câmara, já nas mãos de Arthur Lira para ser votado a toque de caixa, é o que institui na marra o voto impresso e retira poderes do TSE, onde está sentado na cadeira de presidente, o alvo da hora, de Bolsonaro: o ministro Barroso.

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O repertório de encrencas para o cidadão comum, que só quer o país funcionando em paz e democracia, a capacidade de pagar as suas contas, podendo escolher livremente o seu candidato em 2022, é vasto. Uma delas, ou a principal, é a ida do Ciro Nogueira (Progressistas – PI) para a Casa Civil. Lá são decididas as manobras do governo e o fluxo da grana. É o "administrativo" do governo.  

A outra delas, e eu diria tão grave quanto o Ciro na Casa Civil, é o Arthur Lira na Câmara. Ali ele passa os projetos mais absurdos de interesse do Bolsonaro, como a mudança eleitoral, um catatau de 902 páginas, plantado em 24 horas na pauta, sem que os deputados da oposição tenham tempo de se debruçar para ler tudo, para votar com critério. São boiadas e boiadas, passando, sem que a oposição tenha nem sequer tempo de se articular.  

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E, por fim, e não menos grave, é a interferência das FAs, que ora diz que defende o Estado, ora vem a público com mensagens ameaçadoras, como a do ministro da Defesa, Braga Neto. Sem contar o comportamento pendular do comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr, que num dia ecoa as sandices de Bolsonaro, noutro marca almoço conciliador com o ministro do STF, Gilmar Mendes.  

O alento veio hoje, de várias entidades que se levantaram contra os absurdos em uma "nota" publicada nos principais jornais do país. Não pela nota em si, com texto quase protocolar, mas pelo significado que ela traz. Ali estão reunidos, no mínimo, 40% dos sobrenomes que um dia compuseram a lista de empresários e colaboradores do Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (Ipês), pró-golpe de 1964. Ao contrário do que ainda creem alguns, - apesar da enxurrada de estudos, livros e textos sobre o tema – a queda de João Goulart não se deu “de uma hora para outra”.  

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No Ipês reuniram-se em 1962, empresários, uma parcela reacionária da Igreja, a nata do jornalismo da época e o grupo influente de militares da Escola Superior de Guerra (ESG), para formar o covil da conspiração. Durante dois anos eles conspiraram abertamente, ocupando espaços na mídia, consolidando o desfecho (apenas antecipado pelo general Olímpio Mourão Filho). Quem não entendeu isto até hoje – que golpe exige preparação, tal como aconteceu na derrubada da presidente Dilma Rousseff -, tem no Relatório Final da Comissão da Verdade, todo o histórico e a renomeação para o triste episódio: golpe civil-militar de 1964.  

Hoje, ver esse segmento composto de vários banqueiros, grandes fortunas e nomes lapidares da sociedade vir a público pedir eleições limpas, esclarece de uma vez por todas, aos militares, que nem sequer eles toleram mais invencionices, o que evidencia a gravidade do que vivemos. Reivindicam eleições com voto eletrônico e computável com agilidade, reafirmando ser esta a única saída para a reconstrução do país, destruído pelo descaso, pela volúpia e sob chantagem.

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