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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Somos todos Contarato

"Um ex-delegado, homossexual assumido, o único no Senado Federal. Demonstrando ter feito o dever de casa, Fabiano Contarato, do Espírito Santo, levou Sergio Moro às cordas, questionando o fato de um juiz ter jogado no lixo princípios tais como o contido no artigo 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em que consta que 'todo ser humano tem direito a ser julgado por um tribunal independente e imparcial'. E prosseguiu recitando outras tantas regras atropeladas por Moro", destaca Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. "Naquele momento, fomos todos Fabiano Contarato"

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza audiência pública para ouvir o ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública, sobre informações e esclarecimentos a respeito das notícias veiculadas na imprensa relacionadas à Operação Lava Jato.\r\rEm pronunciamento, à bancada, senador Fabiano Contarato (Rede-ES).\r\rFoto: Geraldo Magela/Agência Senado (Foto: Geraldo Magela - Ag. Senado)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

O ex-juiz Sérgio Moro aparou o cabelo, barbeou-se com esmero, escolheu no armário uma camisa azul claro e arrematou o figurino com uma discreta gravata azul petróleo. Os sinais de tensão eram evidenciados por duas bolsas sob os olhos - certificado de noite mal dormida – e as desafinadas na voz (o que lhe valeu o apelido de marreco de Maringá). Outro sintoma, a camisa drapeada sob a gravata, demonstrava que saiu apressado, sentou-se ali ansioso por acabar logo com aquilo. E por aquilo, entenda-se a sessão de nove horas sob poucos ataques e muitos afagos, em um Senado que um dia “torturou” a ex-peresidenta Dilma por 14 horas. E ela não fraquejou. 

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Moro rebateu a fala dos que sugeriram que ele havia passado por treinamento em um “cursinho” de mídia training. Nesta hora, acrescentou mais um ponto em suas mentiras, pois para os do ramo ficou evidente a técnica de “desdizer”, ao ser acuado responder com evasivas e “entupir” a plateia de números. Como gostam de números o público e os jornalistas! De sua boca jorravam cascatas de números que não querem dizer absolutamente nada. O que significam? Que não foram poucos os que participaram do jogo de condenações alicerçadas sob “provas” frágeis e delações vazias, feitas apenas em proveito próprio. Repetiu o que deu certo com o seu cúmplice, Deltan Delagnoll, ao rebater a primeira leva de acusações do The Intercept no Jornal Nacional. 

Usou e abusou da palavra da palavra “convicção”, que virou uma espécie de mantra na famigerada Lava-Jato. Sentia-se preparado e já mais seguro, a ponto de recostar-se na cadeira onde, a princípio, sentou-se empertigado. Até que foi atingido pelo primeiro soco na boca do estômago, vindo de um senador que é “do ramo”. Um ex-delegado, homossexual assumido, o único no Senado Federal. Demonstrando ter feito o dever de casa, Fabiano Contarato, do Espírito Santo,  levou Sergio Moro às cordas, questionando o fato de um juiz ter jogado no lixo princípios tais como o contido no artigo 10 da Declaração Universal dos Direitos do Homem, em que consta que “todo ser humano tem direito a ser julgado por um tribunal independente e imparcial”. E prosseguiu recitando outras tantas regras atropeladas por Moro.

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A resposta veio embrulhada em cinismo e na certeza da impunidade. O conglomerado de Comunicação mais poderoso do país, transmitia ao vivo a sessão, e mostrou na tela um ex-juiz – foi nesta condição que ele foi interpelado – desconfortável. Tentando voltar para o contra-ataque, aumentou o tom de voz e quis saber se o desejo do senador era ver livres das condenações toda aquela pilha de números recitada por ele em sua fala de abertura. Recobrando o estilo arrogante que adotou contra o ex-presidente Lula, em suas audiências, inquiriu o senador. 

Fabiano Contarato, que na certa reuniu grande esforço para estar ali diante de todos emparedando um dos homens mais “poderosos” do país, visivelmente não esperava aquela resposta. Mas sem entregar os pontos, disse que não discutiria o mérito, no que fez muito bem. 

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Em casa, longe da situação do senador, que tinha sobre si a pressão das câmeras, o preconceito dos colegas direitistas, os olhos dos jornalistas cravados nele, torcemos para que dissesse: “se isto for a lei, que flagrantemente foi desrespeitada, que assim se cumpra. Ninguém está acima da lei.” Mas era pedir muito do senador que nos representou a contento. Naquele momento, fomos todos Fabiano Contarato.

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