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Randolfe Rodrigues

Senador pela Rede/AP

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Somos todos “Querida Amazônia”

O governo Bolsonaro parece não retroceder na sua tentativa de explorar a qualquer custo a Amazônia. À devastação ambiental advinda com o desmatamento e garimpo ilegal se junta a intenção governamental de abrir terras indígenas para exploração mineral

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A devastação na floresta amazônica novamente foi objeto de preocupação do Papa Francisco. Dessa vez, em sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal. O documento, publicado no último dia 6 e intitulado Querida Amazônia, diz que a floresta é preocupação de todos e formula quatro grandes sonhos para ela: que lute pelos direitos dos mais pobres, que preserve a riqueza cultural, que guarde a beleza natural e que seja capaz de nos fazer encarnar e devotar a Amazônia.

Os direitos dos povos originários, submetidos a injustiças e crimes praticados por operações econômicas que alimentam devastação, assassinato e corrupção, completam as preocupações papais com a Amazônia. Para o Papa Francisco, é necessária a criação de redes de solidariedade e desenvolvimento, com a participação e comprometimento de toda a sociedade, especialmente lideranças políticas e governamentais. 

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Como esperado, as aspirações papais não foram bem recebidas pelo governo Bolsonaro. Em sua  live semanal nas redes sociais, o presidente retrucou o Papa Francisco, afirmando que “a Amazônia é nossa”, em alusão às declarações do pontífice no sentido de ser tarefa não apenas do Brasil preservar a Amazônia e suas riquezas. O presidente disparou que “o Papa é argentino, mas Deus é brasileiro”, em mais um episódio de agressão gratuita contra críticas. 

A exortação apostólica vem em um momento crítico para a floresta amazônica e os povos que nela habitam. O ano de 2019 bateu recordes de devastação. No Pará, por exemplo, o desmatamento nas terras indígenas aumentou cerca de 74%, fruto das investidas de madeireiros e garimpeiros para extração ilegal de riquezas da floresta. A isso se somaram os incêndios criminosos que arderam por semanas na região. 

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O Papa Francisco dedica um bom pedaço de Querida Amazônia para falar da situação dos diferentes povos indígenas que há séculos habitam e sobrevivem das matas. Afirma que muitos vivem sob a opressão dos poderes locais, com pouco ou nenhum trabalho das autoridades no combate ao desrespeito destes povos. Nem mesmo indígenas que vivem isolado do contato com o homem branco estão livres dos perigos, especialmente em um governo como o de Bolsonaro.

O Brasil possui o maior número de populações isoladas que vivem quase exclusivamente sob a própria cultura, isto é, com pouca assimilação de hábitos e costumes de outros povos. Estão espalhados por diferentes partes da Amazônia e têm a sua condição de isolados presente na Constituição Federal, obrigando o Estado brasileiro a respeitar seu modo de vida e tradições. Entretanto, algumas iniciativas governamentais vão de encontro a este direito.

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A nomeação de um pastor para dirigir a área responsável da Funai pelo trabalho com indígenas isolados é uma delas e levantou suspeitas de que se pretende catequizar estes povos, em flagrante conflito com o disposto na legislação e os mais recentes estudos acerca do contato com povos isolados. Recentemente, missionários religiosos indígenas integraram viagens de equipes do governo para territórios isolados com a desculpa de trabalharem como intérpretes. 

O governo Bolsonaro parece não retroceder na sua tentativa de explorar a qualquer custo a Amazônia. À devastação ambiental advinda com o desmatamento e garimpo ilegal se junta a intenção governamental de abrir terras indígenas para exploração mineral. O Papa Francisco, ciente da importância da Amazônia para o equilíbrio da vida no planeta, é mais um a se levantar contra a necropolítica ambiental e humana que temos hoje.

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