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Mauro Passos

Engenheiro, ex-deputado federal pelo PT/SC, e presidente do Instituto Ideal

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Soy loco por ti, América

O que nos falta é ter um pouco mais de unidade, como seria o natural na dinâmica em curso da nova geopolítica mundial

(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
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O título "Soy loco por ti, América", pode ser uma canção do Caetano Veloso, ou a exclamação de um latino na tríplice fronteira, Argentina, Brasil, Paraguai, encantado com as Cataratas do Iguaçu. Ou quem sabe, um ato de saudosismo, uma declaração sobre a importância da nossa integração, na abertura de uma sessão do Parlamento do Mercosul, numa tarde fria com o vento sul batendo forte na Rambla, em Montevidéu. Enfim, resumindo: pode ser o que você quiser.

No momento atual de grandes incertezas sobre o Tratado Mercosul/União Europeia, a recente eleição de Milei na Argentina, a invasão na Embaixada do México na Bolívia, a próxima eleição na Venezuela, acompanhada das ameaças de invasão à Guiana, nos deixam de certa forma apreensivos. Sem falar no Brasil, o maior país e a maior economia da região, que precisou de uma resposta rápida para evitar que um novo golpe militar ressuscitasse, depois de seis décadas de democracia e liberdade.  

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Nosso sangue latino nos faz ser apaixonados por essa terra a ponto de estarmos atentos para que nada de ruim nos aconteça. Num passado distante, boa parte das nossas riquezas foram levadas daqui; num tempo mais recente, ditaduras violentas se espalharam por nossa região. Como somos "hermanos", não queremos guerras e conflitos entre nós. Valorar a democracia, defender eleições livres e transparentes ajudam a pacificar o nosso convívio e nos assegurar a plena cidadania. O que nos falta é ter um pouco mais de unidade, como seria o natural na dinâmica em curso da nova geopolítica mundial. Os blocos se formam e se conversam na defesa de interesses comuns. Infelizmente, não é o que se passa por aqui. Um importante programa de integração regional se faz necessário. (*)

Nem sempre o que se pensa e se projeta acontece. Afinal, independente da nossa vontade, os governos perderam espaço e os partidos políticos, com raras exceções, perderam força e credibilidade. Por outro lado, o que esperar de congressistas sem a menor noção de políticas públicas, que se fazem necessárias para atender as demandas básicas das populações empobrecidas. O mínimo que as pessoas esperam do Estado, saúde, segurança, educação e oportunidade de trabalho digno, elas não encontram. Basta acompanhar a economia da região para saber da crescente informalidade do emprego e a defasagem do salário mínimo,  que não atende as necessidades básicas em nenhum país da América Latina.

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Outra situação que se agrava a cada ano, são as aposentadorias. Com exceção de algumas carreiras de Estado e das Forças Armadas, que ninguém mexe, o que a maioria dos aposentados recebe é uma vergonha. Salário mínimo com ganho real e aposentadoria decente precisa ter mais atenção e ser tratado como prioridade. Sem dúvida é uma revolução no bom sentido, economistas diferenciados vêm ganhando espaço ao defenderem a tese da "Renda Mínima". Quem não se lembra da luta histórica de três décadas do querido senador Eduardo Suplicy (PT-SP)? O dinheiro, quanto mais distribuído for, além de elevar a autoestima das pessoas, oxigena a economia como um todo. 

O histórico desequilíbrio social que nos acompanha tem possibilitado o surgimento de "mitos e micos", que se aproveitam da desinformação para alimentar a aventura de um poder doentio. Quando isso acontece, podem ter certeza, o atraso vem junto. O que talvez esteja faltando nos dias de hoje, é o tempo do pensar: só ele pode nos aproximar de um projeto de nação que olhe para o futuro. Sem que haja uma consciência coletiva construtiva, que só virá através de uma comunicação responsável e de fácil compreensão, o risco de se perder a sonhada caminhada pela unificação da América Latina, infelizmente, é real. Para nós, ou se avança nessa direção ou seguimos esperando pelo futuro que não chega. 

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(*) Pela experiência que tivemos, quando se fala em integração, é possível afirmar que no meio acadêmico não falta boa vontade e acolhimento. Quinze anos atrás criamos o Concurso eco-Lógicas, do Instituto IDEAL, com o intuito de nos aproximar das universidades da América Latina.  O objetivo, desenvolver pesquisa na área das energias alternativas. Depois de chegar a 14 países, por falta de apoio, tivemos que abandonar o concurso na sua nona edição. Se tivéssemos continuado estaríamos hoje na sua décima quinta edição e, provavelmente, presente em todo o continente americano. Com certeza seria um grande legado de integração regional nascido e criado em Floripa. De olho no futuro, UFSC e Instituto IDEAL fizeram a sua parte. 

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