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Roberto Bueno

Professor universitário, doutor em Filosofia do Direito (UFPR) e mestre em Filosofia (Universidade Federal do Ceará / UFC)

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Steve Bannon preso: neofascismo e o Brasil

O colunista Roberto Bueno comenta os bastisdores da prisão de Steve Bannon. Ele diz: "é sombria figura que orbita por trás do movimento neofascista que opera governos de extrema-direita mundo afora, Estados Unidos da América (EUA) incluídos, adotando estratégias de poder indiferentes às estruturas do Estado historicamente assentadas"

Quem é Steve Bannon? (I)
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Stephen Kevin Bannon (1953-), ex-conselheiro do Presidente Trump, foi preso por acusação de fraude neste dia 20.08.2020 em face de acusação da Procuradoria de Nova Iorque. 

É sombria figura que orbita por trás do movimento neofascista que opera governos de extrema-direita mundo afora, Estados Unidos da América (EUA) incluídos, adotando estratégias de poder indiferentes às estruturas do Estado historicamente assentadas. 

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A acusação que pesa contra Bannon é de fraude na gestão de milionários recursos arrecadados na campanha We Build the Wall, na casa de U$25 milhões, fundos que deveriam ser aplicados na construção do muro que separaria a fronteira mexicana dos EUA, segundo promessa realizada por Trump ainda durante a campanha presidencial de 2016. A prisão de Bannon deveu-se a acusação de ter empregado recursos da campanha para sufragar gastos pessoais.

O momento da prisão de Bannon coincide com a iminência da indicação de Trump pela Convenção Nacional do Partido Republicano para a disputa de segundo mandato. 

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O tempo desta atuação policial guarda cronometragem que em política é dificilmente fruto da mera casualidade, e sobre este tipo de operações policiais casadas com processos eleitorais o Brasil tem sobrada experiência, pelo menos, na última década. No caso da campanha cujos fundos foram supostamente malversados por Bannon, há importante proximidade com filho de Trump, Donald Jr., que publicamente já manifestou o seu apoio a iniciativa de arrecadação de fundos para a construção do referido muro. 

A acusação da Procuradoria contra Bannon arrastou consigo outros indivíduos associados para a prática da arrecadação de recursos, Timothy Shea, Brian Kolfage e Andrew Badolato. 

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A sua estratégia foi a de recorrer ao renovado ímpeto nacionalista dos apoiadores de Trump recém vencedor da eleição para obter doações para construir o prometido muro na fronteira dos EUA com o México. Traduzindo para o idioma pátrio o crowdfunding é a velha e boa “vaquinha”.

Os envolvidos são acusados de retirar recursos ilegalmente das doações para a construção do nefasto e abusivo muro que, por exemplo, das administrações Kennedy à Reagan, os EUA tanto combateram por infringir as liberdades, servindo de objeto de propaganda de toda a mídia ocidental contra a edificação do bloco socialista ao redor de Berlin. 

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Até o momento todos os acusados presos negam os fatos imputados, mas é possível antecipar que a comprovação de eventual culpa exporá uma vez mais a real dimensão da talha ética de indivíduos que tomam a liberdade de abusar da boa-fé política de massas populares – a exemplo da malversação de doações públicas para fins específicos como já ocorreu no Brasil durante a ditadura militar – que é ligeiramente inferior ao nível do rio por onde as formigas passam com água pelas canelas. 

Os sócios destes personagens no mundo político são cobertos por suspeitas e o seu capital político e eleitoral é atingido, corroendo-se. Este fenômeno deve ser observado no Brasil, e provavelmente fará sentir o seu impacto dada a proximidade da família Bolsonaro com Bannon, que em seu momento já indicou Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) como o representante de seu The Movement (“O Movimento”) neofascista na América Latina tantas vezes fantasiosamente apresentado como “movimento conservador” pela grande mídia corporativa em sua tentativa de mitigar do que realmente se trata. 

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O vínculo de Bannon com os Bolsonaro é estreito e foi por diversas vezes mediado por Olavo de Carvalho, cuja expressão no cenário político nacional é explicável apenas devido a esta articulação, tendo ganhado o mundo a foto do jantar em março de 2019 oferecido pela embaixada do Brasil em Washington contando com a presença da família Bolsonaro, diplomatas brasileiros, o Ministro de Relações Exteriores brasileiro, Ernesto Araújo, além de Bannon e assessores, mas também contando com a presença de Sérgio Moro, cujo cardápio foi regado a ofensiva contra o domínio da cultura marxista. 

A prisão de Bannon abre um novo capítulo para as próximas eleições presidenciais norte-americanas, cuja acusação por fraude tem potencial para trazer à público outras dimensões do racismo e da ideologia neofascista sustentado na matriz do modelo nazista alemão. 

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Embora Trump negue qualquer contato, é fato que a figura de Bannon esteve associada a ele, que foi seu grande estrategista político durante a campanha eleitoral e ainda importante assessor nos primeiros tempos de ocupante da Casa Branca, de onde saiu mas sem desligar-se por completo dos interesses geopolíticos neofascistas que orientam os interesses do Presidente Trump. 

A prisão de Bannon viabiliza as condições para o rompimento com instrumentos de controle midiáticos e desobstruir espaços para a investigação e desmistificação deste personagem que até aqui veio operando no mundo das sombras para mobilizar forças capazes de concretizar os piores males de que o ser humano é capaz. Bannon é o parteiro do planejado nascimento do neonazismo nos EUA e sua expansão para a tradicional esfera de seu controle colonial. 

A prisão de Bannon ainda deve ser alvo de análise judicial, mas o fato da rudeza deste primeiro contato com as barras da prisão impõe algum limite ao indomável neofascista, talvez com poder suficiente para travar as suas iniciativas de afundar o que resta de democracia nas Américas.

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