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Jailton Andrade

Jailton Andrade é advogado, músico, dirigente sindical e do movimento negro e criador do Debate Petroleiro

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Subsidiária não! A transição energética justa exige a incorporação da PBIO ao Sistema Petrobrás

Quais forças atuam para deixar a Pbio na fronteira do setor público?

Petrobrás (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
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Existe uma música brasileira, não tão popular, que serve a muitos propósitos e vai servir ao que eu pretendo explicar.

Suburbano Coração, música de Chico Buarque, narra a madrugada esporádica de uma mulher suburbana que recebe o amor em sua casa e, ainda que ela tenha dúvidas dos reais motivos dele bater à sua porta - amor ou falta de programa - entrega todo seu amor e tolerância para ver, após lustres acesos, música alta, cigarro no tapete e sofá-cama, seu repetido adeus.

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Adeus porque eles não formam uma família, por assim dizer. Adeus porque aquele amor é suburbano e arde ali, enquanto dura. E dura pouco. Talvez o tempo de improváveis dois discos tocados numa madrugada que, além de embalar o curto romance, sinaliza inequívoca aos vizinhos a presença de seu namorado forasteiro. Afinal, é na madrugada que a casa grande visita a senzala, sua subsidiária.Mas na medida em que a senzala é reconhecida como potência, dignidade, esteio e futuro é contrassenso mantê-la subsidiária, como se o reconhecimento das mazelas do acoite não implicassem o fim da escravidão. Como fazia a América do Norte nos anos 50: reconhecemos a igualdade entre negros e não negros, só vamos mantê-los separados. Tá Okay?

Lula é um visionário do subúrbio. Alias, Steve Jobs, outro visionário, já dizia antes, “a solução está nas bordas”. Lula viu que as energias renováveis poderiam ser o futuro global, e talvez pela dúvida, tenha criado em 2008 a Petrobras Biocombustíveis S. A. como uma subsidiária da Petrobrás e não como integrante da holding. Passados 15 anos da PBIO, o mundo não fala de outra coisa: Precisamos transitar para outras fontes energéticas mais limpas. E aqui não vou para o caminho de conceituar energia limpa e renovável. A missão é outra.

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O fato é que não há no Brasil hoje uma indústria, publica ou privada, que não esteja discutindo transição energética. A Iniciativa Verde do Oriente Médio, de onde saíram as joias para Bolsonaro, reuniu os maiores fundos soberanos do mundo pra discutir isso. A indústria brasileira, seja por meio de suas federações ou associações, tem pautado insistentemente a transição, ainda que por motivos de acumulação, nicho de mercado como o ESG racial, criação dos rentistas. E nesse nicho entram por exemplo, a UNIGEL e a Mubadala, com pseudo investimento no setor.

O biocombustível hoje é tão importante quanto o ARLA - Agente Redutor Líquido Automotivo - de uso obrigatório nos veículos à diesel do país desde 2012. Tão importante quanto os fertilizantes. Basta dizer que a Nitrofértil foi mulher suburbana até 1993, quando se incorporou a holding passando a ser chamada de Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados. 

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A importância se evidenciou na proposta de autossuficiência brasileira na produção de fertilizantes com o PAC 2 no governo Dilma. A meta era para 2020 não fosse o golpe.Ainda que se reconheça, e o alarde público é reincidente, que os biocombustíveis alçam voo ao protagonismo no conjunto das energias renováveis, para onde se quer transitar, porque pretendemos, experientes, manter o laço frouxo entre a Petrobras e a PBIO?

Por mais notório que seja o flerte entre o Rei do Biodiesel e agentes públicos e do lobby, e até funcionários privatistas da companhia, que por pouco não inaugurou no Sistema Petrobras a venda casada de uma unidade com seus braços serviçais incluídos, porteira fechada, porque pretendemos manter separadas as iguais Petrobras e Pbio, como na discussão racial norte americana dos anos 50?Quais forças atuam para, diante da criação da Diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade, marco histórico na Petrobrás, deixar a Pbio na fronteira do setor público? 

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Que justiça sobrevive numa transição assim?Com tudo a favor, é uma oportunidade ímpar da Petrobras em promover a equidade, se quer realmente ser justa da transição energética, e de juntar, na mesma porta, o discurso e a prática entregando à PBIO o seu podium de importância. Por que não há nenhum argumento capaz de justificar, a essa altura, a permanência da PBIO como subsidiária da Petrobrás, a não ser que pretendamos, por múltiplas razões, manter essa mulher provedora para amar no subúrbio, de vez em quando, e enquanto interessar ao capitalista.

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