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Marcelo Semer

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Surfar no vexame é pior que perder de 7×1

O governo que pretendia lucrar com as vitórias e a oposição que faz da derrota uma plataforma para virar o jogo cometem grande equívoco

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A derrota humilhante do Brasil abriu uma verdadeira caixa de pandora.

No meio do jogo, voltaram os insultos a Dilma, como se ela fosse uma zagueira que falhara em vários gols e, nas redes sociais, explodiu o regozijo oportunista de quem torcia contra desde o começo.

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Pelo whatsupp circulou uma grotesca montagem com a cara da presidenta associada a símbolos nazistas. Quem foi contrário à Copa, tratou de espalhar as notícias de ônibus queimados e confusões nas ruas. E até o "bolsa família dos preguiçosos" entrou na conta do Mineiraço.

Misturar a política com o futebol e surfar no vexame é pior, bem pior, que tomar de 7 a 1 dentro de casa.

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Desde o começo, se constatou que a seleção não vinha fazendo uma Copa memorável, mas a imprensa que apostava no catastrofismo na realização do evento, e a torcida que esbanjava arrogância nos estádios nunca esteve muito melhor.

Contra todas as previsões, a Copa deu certo. Em termos de futebol, aliás, é tão alto o nível, que de fato não temos time para ganhá-la.

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É certo que o ufanismo desmedido sempre cria ilusões que em algum momento se despedaçam. A derrota para a Alemanha era a crônica de uma morte anunciada – embora nem o mais cético dos analistas podia prever o vexame, construído em cinco minutos de apagão.

O governo que pretendia lucrar com as vitórias e a oposição que faz da derrota uma plataforma para virar o jogo, todavia, cometem grande equívoco.

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Há vinte anos que nossas eleições coincidem com as Copas. E os resultados do futebol nunca interferiram nas urnas.

Em 1994, o Brasil virou tetracampeão e o candidato do governo ganhou. Mas ele ganhou de novo em 1998, quando o Brasil perdeu a final também de forma vergonhosa. Em 2002, a seleção foi pentacampeã e o candidato do governo perdeu; mas foi ganhar nos anos de 2006 e 2010 com campanhas pífias, bem piores do que a atual.

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Pelé já foi severamente criticado por dizer que o povo não sabia votar. Quem acha que o futebol muda eleição, deve concordar com esse desatino.

Se o país, apaixonado por futebol, quer mesmo tirar lições com o vexame, a primeira coisa a fazer é separá-lo da política.

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O Brasil já não tem sido o grande celeiro de craques que durante muito tempo o distinguiu no cenário mundial, mas na geração de cartolas a coisa consegue andar bem pior. Escolhas que deveriam ser exclusivamente técnicas têm sido submetidas aos critérios do grupismo; o faturamento passou a ser o condimento mais importante nas preparações da seleção; interesses de mercado, de vaidade nas federações e das televisões falam muito mais alto do que o próprio jogo.

Apostar na política para falar do futebol só põe água no moinho.

Se tem algo que pode nos redimir nesse campo, é justamente o fato de ter sido nossa polícia a descortinar que o comércio paralelo de ingressos é patrocinado pela própria FIFA –o que há muito já se suspeitava. A necessidade de construir estádios com imensas áreas VIPs, que permitem revender ingressos a valores exorbitantes, começa a ser mais facilmente explicada.

Mas ao futebol o que é do futebol.

A seleção perdeu o jogo e fez mesmo uma exibição grotesca. Irreconhecível para quem chegou, depois de duas Copas frustradas, de novo a uma semifinal.

Mas daí a pular do muito orgulho e muito amor para a vergonha nacional, e dizer que isso prova todo o desastre do governo, do país e do povo que não é trabalhador, chega a ser bem pior que o esquema tático do Felipão...

Publicado no Blog do Marcelo Semer, no Terra Magazine

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