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Emir Sader

Colunista do 247, Emir Sader é um dos principais sociólogos e cientistas políticos brasileiros

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Susto, alívio e interrogações

"A operação de domingo foi uma tentativa de golpe. Provocou susto, depois alívio, mas deixou como problema a questão da segurança em Brasília", diz Emir Sader

(Foto: REUTERS/Adriano Machado)
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O domingo nos pilhou com a assustadora imagem de uma turba de milhares de pessoas subindo no prédio do Congresso, impunemente. Logo ficamos sabendo que invadiam o próprio Congresso, o Palácio do Planalto e o STF, como se nada pudesse impedi-los.

Eram cenas inimagináveis. Tomavam de assalto Brasília, a começar pela sede dos Três Poderes da República. “Cadê o governo?”, nos perguntávamos. Era uma sublevação de direita, que não encontrava obstáculos para assaltar os centros do exercício do poder no pais? E o Lula, estaria em Araraquara? Quando falaria?

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Eram cenas que demonstravam, pelo menos, a fragilidade das estratégias e dos mecanismos de defesa do governo, do Congresso e do Judiciário. Tudo parecia se desfazer no ar.

Agora dizem que foram uma hora e meia em que teria se dado aquele momento. Parecia uma eternidade.

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Ficamos sabendo que aquela turba pedia a intervenção dos militares, para tomar o poder. Alegariam caos e incapacidade do governo de manter a ordem para intervir. Também ficamos sabendo da conivência de setores dos militares e das polícias, da ausência das instâncias de defesa do Palácio do Planalto. Tudo parecia se desmoronar, se os militares se colocassem à cabeça daquela turba.

Tudo o que encontravam pela frente era destruído, de vidraças a obras de arte. Tudo o que parecia ser sólido se desmanchava no ar. 

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De repente, essa ação terrorista começou a ser revertida. Lula se pronunciou, ainda de Araraquara. Começou a haver uma certa reação das polícias, os espaços passaram a ser esvaziados, como se tivesse fracassado a tentativa de golpe.

No final do dia, a ordem estava aparentemente restabelecida. Do susto do começo do dia, veio o alívio.

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Mas nunca pudemos entender plenamente como se havia dado tudo aquilo. Como os mecanismos de defesa fracassaram totalmente? Como o GSI, dirigido por um militar de confiança, que havia cuidado da segurança do Lula nos outros governos, agiu na contramão, dispensou o reforço de guarda no Planalto antes da invasão dos golpistas? Ficamos confusos até onde foram erros ou complacência que facilitaram a ação dos golpistas.

Lula saiu fortalecido e bolsonaristas enfraquecidos. Certo. Mas ficam muitas inquietações.

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Até onde os militares continuam a ser um foco de subversão adeptos da Doutrina de Segurança Nacional, segundo a qual eles seriam as garantias contra os riscos do país se tornar uma nova Venezuela ou Nicarágua ou Cuba? 

As palavras do Lula na conversa com os jornalistas dão a medida da gravidade da situação, a ponto que ele se reserva o direito de, passado o auge da crise, ver com detalhe as gravações, para ter uma ideia exata da gravidade da crise e avaliar a precisa gravidade das falhas nos mecanismos e instâncias de defesa das três sedes máximas da República.

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“Teve muita gente conivente. Muita gente da PM conivente. Teve muita gente dentro das FFAA aqui dentro conivente. Eu estou convencido que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para que gente entrasse. Porque não tem porta quebrada na entrada. Significa que alguém facilitou a entrada deles aqui.” (Lula)

Afirmações de extrema gravidade. Que tenha acontecido, no Palácio do Planalto, e tenha permitido que acontecesse a invasão vandálica da sede do governo federal. Todas as descrições não permitem compreender como isso foi possível. Como os responsáveis pela segurança do Presidente da República tenham não somente aberto as portas do Palácio, como colocado em risco diretamente a vida do presidente.

É tudo de um risco tal que é difícil compreender como foi possível, como não teve consequências piores ainda. Como é possível atuar para que se impeça que situações como essa possam se repetir.

A operação de domingo 8 foi uma tentativa derrotada de golpe. Provocou susto, depois alívio, mas deixou como problema a questão da segurança em Brasília, tornada mais grave, quando se perdeu a confiança nos organismos que deveriam cuidar dela. E que, de solução, se tornaram problema.

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