Tanto Tarcísio quanto Michelle são competitivos contra Lula, sugere AtlasIntel
A menos que o clã Bolsonaro se oponha abertamente a Tarcísio, os números indicam maior conforto para o Centrão em lançá-lo sem aguardar a definição da família
A diferença de 49% para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra 47% do governador paulista Tarcísio de Freitas, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do inelegível ex-presidente Jair Bolsonaro, na disputa pelo Palácio do Planalto em 2026, sugere que os dois principais nomes da oposição aptos a concorrer são competitivos contra o petista em um eventual segundo turno.
Se a tendência apontada pela pesquisa AtlasIntel, divulgada nesta terça-feira, for confirmada por outros levantamentos, a margem estreita entre Lula, Tarcísio e Michelle indica que o mandatário paulista não é tão dependente quanto se avaliava de uma decisão formal do clã Bolsonaro a seu favor.
No entanto, também aponta que a ex-primeira-dama pode liderar a centro-direita contra o presidente com viabilidade, abrindo espaço para que Tarcísio busque sua reeleição — considerada certa em São Paulo por políticos e analistas influentes, que vêem ainda Tarcísio como "imbatível" ao Planalto em 2030.
O fato de Tarcísio e Michelle alcançarem o mesmo patamar de Bolsonaro sinaliza que o voto antipetista pode prevalecer como eixo mobilizador no eleitorado de oposição em um confronto acirrado, no qual Lula, por ora, supera qualquer adversário.
Os demais postulantes oposicionistas apresentam desempenho menos expressivo em um eventual segundo turno: 41% para os governadores Romeu Zema, Minas Gerais, e Ronaldo Caiado, de Goiás, além dos 40% para Ratinho Jr, do Paraná, e apenas 28% para Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul.
A menos que o clã Bolsonaro se oponha abertamente a Tarcísio, os números indicam maior conforto para o Centrão em lançá-lo sem aguardar a definição da família, ao mesmo tempo em que autorizam os bolsonaristas a alçar voo próprio no primeiro turno. Resta saber se os filhos e o próprio ex-presidente aceitariam o nome de Michelle, que também se fortalece como provável vice de Tarcísio, conforme o plano original do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
Em paralelo, enquanto a política tradicional tende a interpretar o resultado apertado como reflexo da ineficácia de medidas recentes do Executivo — como a aprovação da reforma do Imposto de Renda (IR) e novos programas sociais — para ampliar a popularidade de Lula, outros analistas veem essas ações, somadas aos avanços socioeconômicos, como centrais para a manutenção do atual favoritismo do presidente, considerando a forte polarização.
Nesse sentido, pelo retrato da AtlasIntel, oscilações pontuais a favor de Lula ou do líder da oposição devem movimentar Bolsa para cima e dólar para baixo quando o petista aparecer em desvantagem, o que significa que vazamentos antecipados de pesquisas, ao longo do ciclo eleitoral, podem influenciar preços na Bolsa.
Um ponto importante será observar se prevalecerá no conjunto do eleitorado o apelo da pauta social do Planalto ou o da segurança pública — terreno tradicionalmente favorável ao centro e à direita em eleições latino-americanas, mas no qual o governo brasileiro apresenta propostas sustentáveis na opinião pública.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

