Tarcísio, o coveiro do bolsonarismo
Governador de São Paulo revela fragilidade política ao se submeter ao bolsonarismo e aos interesses do mercado
É impressionante como Tarcísio de Freitas se ungiu como herdeiro político de Bolsonaro. Suas declarações fora da realidade sobre diversos assuntos cruciais, como o apoio a Trump, mesmo no processo do tarifaço, ataques violentos ao STF e a articulação obsessiva pela anistia aos golpistas, fizeram com que ele próprio tirasse a máscara de extremista "moderado", como se essa alcunha fosse possível.
Na verdade, Tarcísio mostrou sua fraqueza como liderança da oposição. Sem o eleitor bolsonarista do pior nível de extremismo, ele fatalmente não sobreviveria politicamente. Embalado por essa perspectiva, tem se apresentado como um governante fraco e incapaz de ouvir ou atender às demandas da população paulista, submetido aos interesses da Faria Lima.
Privatizou a Sabesp, que em pouco tempo piorou os serviços, demitiu funcionários, aumentou as tarifas e agora quer usar esgoto tratado para fornecer água à população da Grande SP. Entregou de bandeja terras devolutas no Pontal do Paranapanema para fazendeiros grileiros a preço de banana, impedindo qualquer processo de reforma agrária no estado.
Tirou R$ 11 bilhões de investimentos da área da educação pública do estado, onde só priorizou a implantação das escolas cívico-militares para dar bico a PMs aposentados. Quer entregar de vez todas as linhas da CPTM e do Metrô para o mercado e inundou as rodovias do estado com pedágios free flow, ignorando as manifestações majoritariamente contrárias a mais cobranças.
Esse esquema, que só prioriza negócios com os bens e serviços públicos, está dando margem a revelações graves, como o escândalo de corrupção envolvendo a Secretaria Estadual da Fazenda e as diversas denúncias da presença do PCC no interior da máquina estatal, na segurança pública e na lavagem de dinheiro. E o que faz Tarcísio: nega o envolvimento da facção criminosa, apesar das várias evidências levantadas pela PF.
No alto de sua arrogância, Tarcísio tem se tornado um alter ego de Bolsonaro, seu chefe político. Sua recente declaração de que só ficaria preocupado com adulteração de bebidas por metanol se a Coca-Cola tivesse sido contaminada demonstra uma face macabra, semelhante aos piores feitos do inelegível e presidiário durante a pandemia, quando desprezou e desrespeitou as vítimas e seus familiares.
O estado de São Paulo tem hoje um governador que não exerce a função para a qual foi eleito. Tarcísio se transformou em um emissário do extremismo político e lobista dos grandes empresários e latifundiários, sem se importar com o preço e as consequências de suas escolhas.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

