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Celso Giannazi

Vereador de São Paulo pelo PSOL

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Taxar fortunas: cobrar de bilionário e não de quem vive de salário

Na batalha contra as desigualdades, discutir a taxação das grandes fortunas no Brasil e barrar a retirada de direitos da população mais vulnerável é urgente

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Na batalha contra as desigualdades, discutir a taxação das grandes fortunas no Brasil e barrar a retirada de direitos da população mais vulnerável é urgente. Em especial, quando testemunhamos propostas escandalosas, de uma pequena parcela da sociedade, que colocam em perigo salários, empregos, soberania, riquezas naturais e a sobrevivência da grande maioria da população.

O imposto é o único dos sete tributos previstos na Constituição Federal de 1988 que ainda não foi regulamentado. Na maioria dos países desenvolvidos a tributação é cobrada sobre patrimônio e renda. No Brasil, a coisa é bem diferente, a tributação é sobre o consumo das pessoas, penalizando aqueles que possuem menor renda. Isso porque o sistema tributário brasileiro é essencialmente regressivo, ou seja, paga mais quem ganha menos.

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Logo, não há taxação sobre patrimônio, como por exemplo: iates, aviões particulares. Mas, quem compra um carro popular tem, sim, que pagar imposto. O Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores (IPVA) é outro bom exemplo de quão é injusto o atual sistema tributário. Você paga esse imposto anual para poder andar por aí com seu carro e moto. Os bilionários brasileiros não pagam um centavo sequer para voar em seus jatinhos e navegar nos seus iates.

Enfrentar essa situação é enfrentar a histórica desigualdade que se perpetua por décadas no país, é enfrentar uma parcela da sociedade que sempre coloca nas costas dos trabalhadores e trabalhadoras todo o ônus das crises.

A corda sempre arrebenta para o lado mais fraco!

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Já virou moda vermos diferentes setores da sociedade e seus representantes no Congresso, nas Câmaras e Assembleias de todo país, proporem  como solução para as crises o corte de direitos trabalhistas, a redução de salários e o desmonte de direitos essenciais como Saúde, Educação, Aposentadoria e Assistência Social.

Em 2019, o primeiro ano do governo Bolsonaro, os quatro maiores bancos do país distribuíram R$ 58 bilhões em dividendos (uma espécie de salário das pessoas mais ricas; quando o lucro que é dividido entre os donos de uma grande empresa). O maior valor em 11 anos. E creia, nenhum imposto foi cobrado por esse grande lucro.

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Na contramão, também em 2019, o desemprego explodiu, a desigualdade social aumentou, programas sociais foram cortados, a reforma da Previdência foi aprovada e o Brasil computou um pífio crescimento de 1,1%.

Diante de tudo isso: é justo cortarem o seu salário?

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E em meio à pandemia do coronavírus, os bilionários brasileiros e seus representantes eleitos para ocupar cadeiras no Congresso Nacional e nas casas Legislativas pelo país enxergam a oportunidade de ampliar ainda mais a retirada de direitos.

Parece mentira: a Medida Provisória 936 de Jair Bolsonaro, aprovada em de 1º de Abril, permite o corte de salários no setor privado em meio à pandemia mais grave da nossa história. Dados do Ministério da Economia divulgados nesta segunda (13), mostram que mais de 1 milhão de trabalhadores já tiveram a jornada de trabalho reduzida ou o contrato de trabalho suspenso. De acordo com o texto da MP 936, os cortes de salários podem ser de 25%, 50% e 70%. Bolsonaro institui a gestão da miséria.

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E os ataques não param. Agora, o alvo são os servidores públicos e o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, explicou qual será o tom: o governo Bolsonaro irá explorar uma espécie de solidariedade “negativa” entre os trabalhadores para uma nova rodada de retirada de direitos. Algo assim: se eu me dou mal, o outro também tem que se dar mal. E os trabalhadores que se matem pelas migalhas que sobrarem do banquete dos bilionários!

E a retórica discursiva de Adolfo Sachsida foi mais longe, ao afirmar, durante videoconferência promovida pela XP Investimentos, divulgada no jornal Folha de S. Paulo de 14 de abril, que: “Será que está correto algumas pessoas não perderem o emprego e manterem o salário? Um país é muito mais do que aspectos econômicos. Aspectos morais são importantes. Vamos ter que olhar com muita atenção à questão do funcionalismo público. Acho que está na hora de todos darem sua contribuição”.

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“Emprego” sem salário? Desculpe minha ignorância, devo estar um pouco desatualizado, mas isso não seria um trabalho análogo à escravidão? Salário ou emprego? Isso não é um dilema, é uma provocação! Isso sem falar na “servidão por dívida” que irá se intensificar. Afinal, os boletos continuarão chegando, sem que o trabalhador ou a trabalhadora tenham condições de quitá-los (imagine a dívida que irá se acumular, pois os juros continuarão sendo cobrados, ao final alguns meses de inadimplência).

São Paulo segue a cartilha de Bolsonaro!

Na capital paulista os ataques são parecidos aos promovidos na esfera Federal. O prefeito Bruno Covas, o governador João Doria e Jair Bolsonaro têm lá suas divergências, mas quando o assunto é prejudicar a população eles estão sempre unidos.

Desde março há um esforço de diversos setores da sociedade para criar saídas que enfrentem essa situação e não é tirem de quem já não tem ou cortem os poucos direitos conquistados e nem destrua os serviços públicos. Contra a ameaça de cortes dos salários dos servidores públicos, apresentei um Projeto de Lei 182/2020, que proíbe a suspensão ou redução dos salários e benefícios de servidores (o que inclui pensões e aposentadorias).

Além disso, estamos exigindo de Covas e Doria a cobrança da dívida ativa das empresas que devem ao Município R$ 100 bilhões e ao Estado R$ 340 bilhões, somadas garantiriam aos cofres públicos um acréscimo de R$ 440 bilhões de reais para a São Paulo. Além disso, segundo dados do Portal da Transparência, a Prefeitura e o Governo Estadual iniciaram o ano com R$ 7 bilhões e R$ 12,7 bilhões em caixa, respectivamente.

No caso da esfera Federal, o caminho também seria cobrar a dívida ativa, auditar juro da dívida pública, taxar grandes fortunas e usar nossas reservas. Ou seja, ao invés de Bolsonaro remunerar os bancos - o governo gastou R$ 1 trilhão em 10 anos para remunerar bancos diariamente -, deveria usar os cerca de R$ 4 trilhões que temos em caixa (no Tesouro, no Banco Central e nas reservas internacionais) para salvar quem de fato pagou impostos e ajudou a engordar esse cofre. Mas, tudo isso está reservado, mais uma vez, para alguns poucos privilegiados.

Todas essas fontes listadas acima poderiam garantir segurança fiscal e social e  financiar medidas de suporte às áreas de Assistência social, Saúde, Educação até o fim da pandemia. A hora é de construirmos um projeto que preserve vidas. Preocupar-se somente com a Economia e as finanças públicas é perverso, desumano e contraproducente.

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